Na melhor campanha do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos, Bolsa Atleta está presente em 94% das conquistas

Na melhor campanha do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos, Bolsa Atleta está presente em 94% das conquistas

Das 72 medalhas conquistadas pela delegação nacional em Tóquio, 68 têm a digital do programa de patrocínio direto do Governo Federal brasileiro

Fonte Rede do Esporte
11 de setembro de 2021 / Curitiba (PR)

O aviãozinho de Alex Douglas para celebrar a chegada da classe T46 da maratona, na noite do último sábado (4) no Brasil, decretou o ponto final da mais vitoriosa campanha de uma delegação brasileira na história dos Jogos Paralímpicos. A medalha de prata de após 2h27min de corrida representou a 72ª vez que o país esteve no pódio na competição, em 14 modalidades das 20 em que o Brasil teve atletas inscritos.

Uma trajetória com 22 medalhas de ouro, 20 de prata e 30 de bronze. Até então, a referência de ouros eram os Jogos de Londres, em 2012, com 21. No quantitativo, a baliza era o Rio 2016, com as mesmas 72 registradas no Japão. O país termina na sétima posição no quadro de medalhas, dentro do top 10 projetado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), atrás apenas de China, Grã-Bretanha, atletas do Comitê Paralímpico da Rússia, Estados Unidos, Holanda e Ucrânia.

“Mesmo sabedores da capacidade de nossa equipe, de nossos atletas, mais uma vez eles mostraram que podem ir além daquilo que a gente imagina, daquilo que a gente espera. São capazes de muito mais do que a gente pode prever. Tivemos performances espetaculares, com um brilho que me emocionou muitas vezes. Com certeza esses atletas nos mostram que faz todo o sentido esse trabalho, e isso traz ainda mais responsabilidade para seguirmos pensando num Brasil ainda melhor e que pode mais”, afirmou o presidente do CPB, Mizael Conrado.

Daniel Dias encerrou a carreira paralímpica conquistando três bronzes em Tóquio © Rogério Capela / CPB

Na campanha mais vitoriosa do Brasil, a digital do programa Bolsa Atleta, do Governo Federal, está presente em 68 das 72 medalhas obtidas pelos atletas nacionais em Tóquio, ou 94,4% do total.  Vinte dos 22 ouros do Brasil foram conquistados por bolsistas, assim como 18 das 20 pratas e os 100% dos 30 bronzes. Entre as 20 medalhas de ouro obtidas por bolsistas, 18 vieram de integrantes da categoria Pódio, a principal do programa executado pela Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. A Bolsa Pódio prevê repasses mensais de R$ 5 mil a R$ 15 mil para os que se posicionam entre os 20 melhores do ranking de suas modalidades.

“Não fosse o Bolsa Atleta, os resultados seriam outros. Ele tem relevância muito importante no que a gente viu em Tóquio. Ele dá condições para o atleta se desenvolver. E não só na ponta, no alto rendimento, mas desde a base, na escola. Ele incentiva, dá condições e motiva a criança a persistir no esporte. O Bolsa Atleta tem uma participação decisiva em todos os resultados que nós temos.”

 “O governo brasileiro sabe que o esporte é uma ferramenta importantíssima de transformação social. E também sabe que para qualquer atleta desenvolver seu talento e ter sucesso no esporte ele precisa de apoio. É por isso que o Governo Federal é o maior apoiador do esporte olímpico e paralímpico no Brasil. Todos os recursos investidos visam permitir que nossos atletas possam chegar ao auge de suas formas físicas e técnicas, possam levar o Brasil ao pódio das grandes competições internacionais e possam encher nosso país de orgulho, tornando-se espelho para as próximas gerações”, ressaltou o secretário especial do esporte do Ministério da Cidadania, Marcelo Magalhães.

“Estamos muito felizes com o melhor desempenho da história conseguido por nossos atletas nos Jogos Paralímpicos. Vamos continuar investindo no esporte, aprimorando o Bolsa Atleta, a Lei de Incentivo ao Esporte e outros instrumentos para que esse sucesso se mantenha em Paris 2024 e nas demais edições das Paralimpíadas”, prosseguiu o secretário.

Respaldo de R$ 117 milhões

A delegação brasileira viajou ao Japão respaldada por um investimento de R$ 117 milhões do Governo Federal via Bolsa Atleta. Esse é o valor repassado historicamente, desde 2005, a 226 esportistas (95,7% da delegação) do grupo de 236 titulares do Brasil que viajaram à capital japonesa. Só no ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, são R$ 75 milhões investidos diretamente nos integrantes do elenco nacional. Em 15 das 20 modalidades em que o Brasil teve representantes, 100% dos atletas integram o programa.

“Nesses Jogos em especial, 95% dos atletas da delegação brasileira eram contemplados com o Bolsa Atleta. O investimento federal é de suma importância. Além disso, o Governo Federal participou diretamente da construção do grande Centro Paralímpico de São Paulo, estrutura de alto padrão que ajudou a preparação de muitos dos atletas durante todo o ciclo. Então, tem muito legado e verba federal no esporte paralímpico, o que muito nos orgulha”, afirmou Bruno Souza, secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

Marcelo Magalhães, secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania enfatizou que o Governo Federal é o maior apoiador do esporte olímpico e paralímpico no Brasil © Rômulo Simões / COB

“Não tenho dúvidas. Se não fosse o Bolsa Atleta, os resultados aqui seriam outros. Ele tem relevância muito importante no que a gente viu em Tóquio. Ele dá condições para o atleta se desenvolver. E não só na ponta, no alto rendimento, mas desde lá da base, na escola. Ele incentiva, dá condições e motiva a criança a persistir no esporte. O Bolsa Atleta tem uma participação decisiva em todos os resultados que a gente tem aqui”, afirmou Mizael Conrado, presidente do CPB.

Relevância comprovada

No atletismo, o Brasil fechou a campanha com 28 medalhas, oito delas de ouro, na quinta colocação geral, atrás apenas de China, Comitê Paralímpico da Rússia, Estados Unidos e Grã-Bretanha. Na natação, foram 23 medalhas, com oito de ouro e o oitavo lugar no quadro específico de medalhas. Já no taekwondo, os três brasileiros que vieram a Tóquio subiram ao pódio, conquistaram ouro, prata e bronze e o Brasil terminou na primeira colocação do quadro de medalhas da modalidade, que estreou no programa dos Jogos Paralímpicos em Tóquio.

“A gente que está no trabalho, na ponta, no dia a dia, sabe o que passa. Para performar, precisa se dedicar totalmente. Você não pode errar. Tem que fazer tudo na linha, na risca, porque qualquer detalhe, qualquer escorregadinha atrapalha. Do mesmo jeito que com um detalhe você é campeão, em outro você é desclassificado. O Bolsa Atleta é primordial por isso, porque nos permite viver intensamente o esporte”, disse Gabriel Araújo, de apenas 19 anos, campeão dos 50m costas e dos 200m livre da classe S2.

Detalhe do detalhe

Quem entende perfeitamente de detalhe é Vinícius Rodrigues. Por um centésimo de segundo, o paranaense de Maringá viu o ouro virar prata na prova dos 100m da classe T63 do atletismo. Depois de rodar o mundo com a seleção e conhecer as condições de treino de muitos de seus adversários, o atleta de 26 anos passou a valorizar ainda mais o programa de patrocínio direto.

“Nenhum outro país do mundo tem uma iniciativa como o Bolsa Atleta. Sou muito grato. Sem dúvida, se não fosse pelo programa, não teríamos o resultado que conquistamos aqui em Tóquio. Eu faço parte do programa desde 2018 e na época não tinha apoio algum a não ser do meu clube. Com o programa, consegui melhorar minhas performances e investir mais no esporte”, afirmou o atleta, que foi medalhista de bronze no Mundial de Dubai, em 2019.

Campeã paralímpica em Tóquio, Beth Gomes, de 56 anos, celebra a conquista. Atleta da categoria Pódio © Pedro Ramos / Rede do Esporte

“Nesse período atípico, com o coronavírus, o que me segurou foi o Bolsa Atleta. Por meio do programa, tivemos a chance de ficar tranquilos e trabalhar em paz. Se não fosse pelo programa, essa medalha de prata não estaria no meu peito”, completou Vinicius.

Exceções temporárias

As únicas medalhas de ouro que vieram com atletas que atualmente não recebem o Bolsa Atleta são a de Silvânia Costa no salto em distância e o de Gabriel Bandeira nos 100m borboleta. Silvânia cumpriu um período de punição por testagem adversa em exame antidopagem.

Gabriel Bandeira, por sua vez, aderiu ao esporte paralímpico apenas em 2020. Os primeiros resultados dele vieram em competições oficiais após a publicação do edital de 2021 do Bolsa Atleta. Agora, ambos poderão usar os resultados de Tóquio para pleitear a bolsa nos próximos editais.

Do centésimo à veterana

Centésimo medalhista de ouro do Brasil em Jogos Paralímpicos, Yeltsin Jacques é contemplado no nível mais alto do Bolsa Atleta desde 2013 e reafirma o caráter estratégico do suporte para seus treinamentos. “O Bolsa Atleta é fundamental para o meu sustento e para poder focar no esporte. Minha primeira prova internacional foi em 2009 e sempre tive como referência conseguir o Bolsa Atleta. Hoje é o principal suporte, assim como a estrutura que tenho em Campo Grande para treinar”, ressaltou o atleta, ouro nos 5.000m e nos 1.500m.

O Bolsa Atleta também é parceiro dos veteranos, como o caso da paulista Beth Gomes, campeã no disco na classe F53 aos 56 anos. “Eu vim de um tempo em que não existia o programa, então sei exatamente a diferença. O Bolsa Atleta na categoria Pódio, da qual eu faço parte, contribui diretamente para a performance de todos os atletas que estão no projeto. O atleta precisa se dedicar totalmente. Nós recebemos para treinar, para pagar nossos equipamentos, investir”, afirmou a atleta

Gabriel Araújo, da categoria Pódio, em ação em Tóquio © Ale Cabral / CPB

Em 2019, Beth Gomes quebrou duas vezes o recorde mundial da categoria no lançamento de disco e foi ouro no Parapan de Lima e no Mundial de Dubai. “Idade é só um número. O que importante é o quanto você entrega como performance”, ensinou a atleta.

Lado a lado com Daniel Dias

O Bolsa Atleta também foi parceiro por mais de dez anos do multimedalhista Daniel Dias, que anunciou a aposentadoria das piscinas depois de encerrar sua programação em Tóquio. Daniel recebeu investimento direto de R$ 1,19 milhão ao longo da carreira, que terminou com 27 medalhas em Jogos Paralímpicos, 14 delas de ouro. De 2014 a 2020, Daniel também integrou a categoria Pódio. Em Tóquio, conquistou três medalhas de bronze.

Legado potencializado

A delegação paralímpica brasileira também embarcou para Tóquio com um salto de qualidade na estrutura esportiva de treinamento de alto rendimento. No ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, os atletas do país passaram a contar de forma integral com os recursos de ponta oferecidos pelo Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo.

O complexo é uma referência mundial e o principal centro de excelência da América Latina. A instalação, sob gestão do Comitê Paralímpico Brasileiro, recebeu R$ 187 milhões do Governo Federal, sendo R$ 167 milhões na construção e outros R$ 20 milhões em equipagem, e foi concluída antes dos Jogos do Rio 2016.

“São raros os países em que o financiamento do esporte de alto rendimento seja estritamente privado. No Brasil, não é diferente. A maior parte do nosso financiamento é público e temos programas e parcerias fundamentais. O Centro de Treinamento Paralímpico é possivelmente o principal legado dos Jogos Rio 2016. É o local privilegiado para a gente realizar todos os nossos programas e treinamentos”, afirmou Mizael Conrado.

O local tem capacidade para hospedar mais de 200 atletas simultaneamente e estrutura para treinamentos e competições de 15 modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cinco, futebol de sete, goalball, halterofilismo, judô, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e vôlei sentado.

“O Brasil tem evoluído Jogos a Jogos. Acho que o grande legado do Rio 2016, para além do Centro Paralímpico de São Paulo, que é um dos melhores do mundo, é que a gente conseguiu ter uma nova geração de atletas paralímpicos, e o reflexo está aqui, em Tóquio, em diferentes esportes”, avaliou Bruno Souza.

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