Com seis lançamentos disponíveis, ele atingiu a marca de 48,93m em seu terceiro, o que lhe garantiu o bronze
Fonte UOL e CPB
28 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)
A última prova do dia em Tóquio rendeu mais uma medalha para o Brasil, que foi mudando de cor até se tornar de bronze. Ela vai para o peito de Cicero Valdiran, terceiro colocado no lançamento de dardo da classe F57 (para atletas com deficiência nos membros inferiores que competem em cadeiras de rodas). Essa foi a primeira medalha dele em Paralimpíadas e a 23ª do Brasil no Japão.
Cícero, paraibano de 29 anos, começou a prova como recordista mundial e fez uma boa apresentação. Por conta da dificuldade de locomoção, nas provas de campo da classe F57, cada atleta faz seus seis lançamentos de uma só vez, diferente do tradicional modelo de apresentações alternadas no movimento olímpico e também em outras classes paralímpicas.
Entre os seis lançamentos de Cícero, o melhor foi o terceiro, de 48,93m, que, naquele momento, era o novo recorde paralímpico. Contudo, o iraniano Amanolah Papi lançou o dardo três vezes acima do antigo recorde mundial do brasileiro, marcando 49,56m na sua melhor apresentação. O ouro parecia encaminhado para Papi, mas ainda faltava a apresentação de Hamed Heidari, do Azerbaijão, que deu um show ainda maior.
Depois de três tentativas frustradas, Heidari tomou o segundo lugar de Cícero no quarto lançamento e, no quinto, estabeleceu um novo recorde mundial: 51,42m, melhorando a marca de Papi em quase dois metros, um feito enorme para uma prova tão equilibrada. Com o ouro garantido, ele nem fez o sexto lançamento e já partiu para a comemoração. Papi ficou com a prata e o brasileiro com o bronze.
Cícero foi ouro no lançamento de dardo no Mundial de Dubai, em 2019, e no mesmo ano levou o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima. Ele tem má-formação congênita bilateral nos pés e em 2011 foi abordado na rua por uma pessoa com deficiência, que o convidou para conhecer o paradesporto. O atleta iniciou na natação e migrou para o atletismo em 2013.
Em 2015, após dois anos na classe F43, onde os lançamentos são feitos em pé, Cícero foi para a classe F57, passando a lançar o dardo sentado em uma plataforma. Isso lhe deu a oportunidade de disputar as Paralimpíadas do Rio, em 2016, e conquistar o quarto lugar na disputa.