Às vésperas da Reunião de Revisão de Progresso do Fórum Global de Refugiados, realizada nesta semana em Genebra, o Comitê Olímpico Internacional (COI) reforçou publicamente o papel do esporte como instrumento essencial para a proteção, inclusão e reconstrução de vidas de pessoas forçadas a deixar seus países de origem.
Por inside the games
Curitiba, 28 de dezembro de 2025
Em posicionamento divulgado antes do encontro internacional, o COI e a Fundação Olímpica para Refugiados anunciaram que se uniram a mais de 65 organizações integrantes da Coalizão Esporte para Refugiados, defendendo “maior reconhecimento e ações concretas para o uso do esporte como ferramenta de proteção e inclusão de populações deslocadas”.
A mobilização ocorre em um momento crítico. De acordo com dados apresentados pela coalizão, o número de pessoas em situação de deslocamento forçado no mundo já ultrapassa 120 milhões, cenário agravado pela redução da solidariedade global e pelo enfraquecimento dos sistemas humanitários tradicionais.
Esporte como resposta humanitária estruturante
A declaração conjunta foi assinada por instituições esportivas e organismos internacionais, incluindo a World Athletics, o Comitê Olímpico Turco e a Confederação Mundial de Beisebol e Softball. O documento conclama governos, doadores, organizações humanitárias e entidades esportivas a:
- Reconhecer e investir no papel do esporte em contextos de deslocamento
- Integrar o esporte às diferentes áreas de compromisso do Fórum Global de Refugiados
- Apoiar a participação ativa de organizações lideradas por refugiados e comunidades locais
- Ampliar a diversidade geográfica e fortalecer a liderança de países de baixa e média renda
O texto enfatiza ainda a importância de envolver “atores não tradicionais” nas respostas humanitárias, destacando o potencial da comunidade esportiva para atuar de forma complementar e estratégica em cenários de crise.

Fortalecimento de parcerias nacionais e locais
Apesar dos avanços registrados desde a criação da Coalizão Esporte para Refugiados no Fórum Global de Refugiados de 2019, o documento reconhece que o esporte ainda é subvalorizado em muitas respostas humanitárias. Diante desse cenário, a coalizão estabelece prioridades claras para ampliar o impacto das iniciativas e integrar o esporte de forma mais sistemática às políticas de acolhimento e proteção.
Como defensor histórico do esporte como vetor de inclusão social, o COI reforçou seu compromisso com uma ação coordenada e de longo prazo. Por meio da Fundação Olímpica para Refugiados e de parcerias globais, o Movimento Olímpico tem ampliado o acesso de refugiados a ambientes esportivos seguros, promovendo bem-estar, pertencimento e oportunidades de desenvolvimento.
Uma coalizão global em expansão
Criada pelo COI em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) antes do Fórum Global de Refugiados de 2019, a Coalizão Esporte para Refugiados — atualmente co-convocada pela Fundação Olímpica para Refugiados, ACNUR e Fundação Scort — reúne hoje mais de 170 organizações dos setores esportivo, humanitário, público e privado.
No segundo Fórum Global de Refugiados, realizado em 2023, o COI apresentou um compromisso multissetorial renovado, que destinou US$ 45 milhões (€ 38,2 milhões) para beneficiar cerca de 500 mil pessoas deslocadas em todo o mundo.
Desde então, as organizações-membro da coalizão apoiaram coletivamente mais de 529 mil pessoas em 92 países, por meio de programas esportivos inclusivos. Os resultados incluem a capacitação de mais de 11 mil treinadores e a criação ou reforma de mais de 160 espaços esportivos, ampliando o acesso de crianças e jovens refugiados a ambientes seguros e acolhedores.


