Multicampeã, Bia faz sua estreia em Jogos Olímpicos subindo ao segundo melhor lugar do pódio pela categoria de pesos leves
Por Helena Sbrissia / Global Sports
8 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)
Aos 28 anos, Beatriz Ferreira, mais conhecida como Bia, escreveu seu nome na história do boxe neste dia 8 de agosto. Mesmo não atingido seu principal objetivo, que era a medalha de ouro, a baiana consagrou-se com a prata na Arena Kokugikan e contribuiu para elevar o boxe nacional à melhor campanha de sua história.
A medalha de prata conquistada por uma mulher brasileira na modalidade é inédita. E a Olimpíada de Tóquio 2020 foi a primeira participação de Bia nos jogos. Em 2016, no Rio, ela tinha sido sparring de Adriana Araújo, titular da seleção na época. Neste ciclo olímpico, a soteropolitana foi campeã dos Jogos Sul-Americanos em 2018, na Bolívia, dos Jogos Pan-Americanos em 2019, no Peru, e do Campeonato Mundial, também em 2019, na Rússia.
Na final olímpica (60kg), a primeira de uma sul-americana, Bia perdeu para Kellie Anne Harrington por decisão unânime dos juízes – foram cinco votos a zero para a irlandesa. Bia olhou para câmera e pediu desculpas ao pai e ao País.
Não precisava: o sentimento daqueles que entendem do esporte é de vitória. O resultado dela comprova o amadurecimento da modalidade que praticamente não existia no País há 30 anos e em Tóquio chegou ao ouro com Hebert Conceição (75 kg) e ao bronze com Abner Teixeira (91 kg).
“O atleta sempre quer ganhar. Sabia que estava sendo uma luta parelha. Ela foi superior, mas acredito que foi um belo combate; ela usou a estratégia de anular o meu jogo e não consegui mudar isso. Mas estar aqui tem o mesmo peso, como se fosse ouro. É duro, mas é gratificante ver que eu trabalhei, fiz as melhores escolhas”, disse a pugilista após sua luta.
No ano passado, Bia foi a primeira brasileira a liderar o ranking da AIBA (Associação Internacional de Boxe). Em 26 competições, subiu ao pódio 25 vezes. Bia recebe o incentivo de seu pai, Raimundo, desde os 4 anos. Ele é o treinador da pugilista vice-campeã olímpica e, para ele, a medalha é um dos melhores presentes de dia dos pais que ele poderia receber:
“Estou feliz porque é a primeira Olimpíada que minha filha disputa e está subindo ao pódio. Ela é prata, está batendo o recorde. É uma felicidade imensa. Só de participar, ela é uma vencedora. Não vai abalar a gente, o trabalho vai continuar e estaremos mais fortes na próxima.”