By Sonia Souid relata encontro humilhante em apartamento de Le Graët e mensagens recorrentes ao longo de quatro anos: “Me enxergava como dois peitos e uma bunda”
Por Redação do GE
10 de janeiro de 2023 / São Paulo (SP)
A agente de jogadores Sonia Souid, de 37 anos, acusou o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, de assédio sexual. Em trechos de uma entrevista ao canal “BFM TV” antecipados nesta segunda-feira, a empresária afirmou que o dirigente a “enxergava como dois peitos e uma bunda”, ao relatar uma reunião realizada em 2014 no apartamento do mandatário e mensagens insistentes para novos encontros ao longo de quatro anos.
“Eu tinha 28 anos naquela época. Ele tinha 72. Ele deveria ter esse respeito. Ele nunca me olhou como uma agente, mas como um bombom para mastigar. Para falar vulgarmente, ele me enxergava como dois peitos e uma bunda”, afirmou a empresária.
Suid contou que mandou um e-mail para Le Graët em 2013 numa tentativa de desenvolver o futebol feminino francês via FFF. Disse que ficou surpresa ao receber uma resposta em torno de duas ou três horas depois, em que o presidente explicou estar de férias na Martinica, mas prometeu retomar o contato. Mais à frente, se encontraram num restaurante em Paris e conversaram por pouco tempo.
Numa ligação em 2014, segundo Suid, Le Graët a elogiou e a convidou para seu apartamento em Paris. Os dois conversaram por telefone em outras oportunidades, principalmente a respeito de a agente ter trabalhado para colocar a técnica Helena Costa no comando do time masculino do Clermont. No fim daquele ano, a empresária afirma que o dirigente voltou a chamá-la para seu apartamento, sob a explicação de que era mais cômodo e confidencial. Ela decidiu ir, maravilhada pela oportunidade de trocar ideias sobre o futebol feminino com o presidente.
Porém, a euforia logo acabou. Suid conta ter sido surpreendida logo na chegada ao ver duas taças de champanhe já cheias. Desconfiada, tomou distância e disse esperar a então secretária-geral da FFF, Brigitte Henriques, mas foi informada por Le Graët de que ela não viria. O presidente teria dito que “se eram tão próximos, conseguiria concretizar suas ideais”. Foi então que arrumou uma desculpa para ir embora, convencida de que o dirigente estava tentando arrastá-la para a cama.
“Eu sou uma das raras mulheres (agentes), tento me provar. E, apesar disso, percebi que, a cada hora, a única coisa que lhe interessava eram meus dois peitos e minha bunda. Isso é uma violência, me machucou. É humilhante”, afirmou Suid.
Suid relatou que, de 2013 a 2017, Le Graët lhe mandou mensagens para se verem e que sentia falta dela. Os dois nunca mais se viram, de acordo com a empresária.
Essa é mais uma polêmica envolvendo Le Graët nos últimos dias. No último domingo, o presidente da FFF disparou contra Zidane, dizendo que “sequer teria falado com ele ao telefone” se houvesse alguma tentativa de contato para que assumisse a seleção francesa. A declaração repercutiu negativamente, principalmente com críticas de jogadores e personalidades do esporte francês, e o dirigente pediu desculpas por “comentários desajeitados”.
