Lars Grael comenta o balanço geral olímpico do CBC e suas experiências profissionais

Lars Grael comenta o balanço geral olímpico do CBC e suas experiências profissionais

O campeão olímpico reitera a importância da participação dos clubes formadores no investimento na carreira de atletas de diferentes idades

Por CBC
24 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)

Lars Grael, atleta medalhista olímpico, campeão mundial da vela e membro do Colegiado de Direção do CBC, concedeu entrevista exclusiva para comentar o balanço geral da participação do CBC nos Jogos Olímpicos de Tóquio, e destacou a importância dos clubes formadores para o desempenho dos atletas nos Jogos.

Como já apresentado pelo CBC em seu balanço geral, os clubes formadores desempenharam um papel de extrema relevância para as conquistas dos atletas nos Jogos de Tóquio. O país teve o melhor desempenho de todos os tempos, com a conquista de 21 medalhas, sendo 15 delas de atletas pertencentes aos clubes, o que representa 72% do total de honrarias olímpicas.

Atualmente, Lars é membro do Colegiado de Direção do Comitê Brasileiro de Clubes © Coluna do Fla

Lars Grael é um dos grandes nomes da vela brasileira, com medalhas olímpicas nos Jogos de Seul 1988, em dupla com o proeiro Clínio Freitas e de Atlanta 1996, ao lado de Kiko Pelicano. Possui larga experiência na execução de recursos públicos para o esporte. Foi superintendente do Comitê Brasileiro de Clubes de 2014 a 2017, secretário nacional do esporte e secretário de esporte e lazer do Governo do Estado de São Paulo, além de integrante da Comissão Nacional do Atleta. Também fez parte do Conselho Nacional do Esporte e é fundador da Atletas pelo Brasil.

Confira a entrevista exclusiva

Qual foi a sua experiência mais inesquecível enquanto atleta nas edições dos Jogos Olímpicos em que participou?

Lars Grael – Para quem sonhou em um dia chegar em uma Olimpíada, a sensação de finalmente participar de uma é chegar ao topo da montanha, ao topo do Monte Olimpo. No meu caso cheguei como atleta da vela na primeira ocasião, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984, em dupla com o proeiro Glenn Haynes na classe tornado. Só de estar lá eu me senti no céu, até mesmo porque na eliminatória eu tive que enfrentar ídolos que eram os atuais campeões olímpicos dos jogos anteriores em Moscou 1980, a dupla brasileira Alex Welter e Lars Bjorkstrom, então essa primeira Olimpíada foi muito marcante.

A segunda Olimpíada, conhecida como Olímpiada da Paz – porque era a primeira vez que se reuniam as duas maiores potências olímpicas, União Soviética e Estados Unidos da América, depois de sucessivos boicotes em 1980 e 1984 – foi marcante também, até mesmo porque pra nós, da vela, foi um evento com condições atípicas de muito mar e de muito vento. Foi a conquista da minha primeira medalha na classe tornado, em dupla com o Clínio Freitas, então cada Olimpíada foi uma história marcante.

Em Barcelona 1992, Jogos em que éramos favoritos e não conquistamos medalhas, tivemos muitas cobranças e aprendemos a lidar com a derrota. Em Atlanta 1996, a minha quarta e última Olimpíada como atleta, a equipe de vela tinha o gosto da superação, porque nós vínhamos de um fracasso em Barcelona, e a vela brasileira realizou um sonho, com duas medalhas de ouro e a nossa de bronze. O Brasil, país do futebol, vem ser o país número um da vela. Foi uma história inesquecível que nós escrevemos na modalidade a nível internacional.

E qual é a sua experiência mais importante enquanto analista e comentarista de grandes emissoras de TV, o que mais marcou nesta edição de Tóquio?

Acho que a experiência nessa posição é interessante porque você vê por uma outra ótica, somado ao fato que eu tive a experiência como atleta em quatro ocasiões e como técnico e coordenador em outras duas. Nesse meio tempo eu exerci cargos de gestão, então pude ver o esporte por um prisma muito mais completo, principalmente no panorama sobre o desenvolvimento do assunto no Brasil.

Dos índices apresentados pelo CBC referentes ao Programa Rumo a Tóquio e sobre a atuação dos clubes na formação dos atletas, para você, o que mais chamou a atenção?

Acho que todos os índices são relevantes quando observados individualmente: das sete medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil, seis são de atletas de clubes; 77% dos esportes com medalhas são de atletas de clubes; de 21 medalhas conquistadas, 15 são de atletas de clubes formadores; 92% das instituições que enviaram atletas para os Jogos são clubes formadores; 88% de toda a delegação brasileira são atletas formados em clubes. Todos esses índices comprovam mais uma vez que essas entidades representam a matriz da formação de atletas no Brasil, sem demérito algum a outras iniciativas que se complementam. Não há uma questão de competição ou de supremacia, todos têm seus papéis e se complementam, mas fica uma prova inequívoca que a participação dos clubes é crucial.

Os números também justificam muito o papel do Comitê Brasileiro de Clubes, organizando, planejando e gerando uma política para a descentralização de recursos. O CBC motiva que os clubes tenham coerência na formação de atletas por meio dos eixos de financiamento, como na organização dos Campeonatos Brasileiros Interclubes (CBI). E eles tem um papel vital porque se encaixam no sistema das federações estaduais, das confederações brasileiras, e do Comitê Olímpico do Brasil (COB), promovendo também o benefício de aquisição de equipamentos e materiais esportivos, e apoiando também na área de recursos humanos, na contratação de profissionais multidisciplinares para formação de atletas e no acompanhamento das competições esportivas. Esse papel do CBC hoje é estruturante, sem o qual o Brasil teria uma dificuldade muito grande.

Qual recado você passaria aos clubes formadores?

Os Clubes sempre tiveram o papel de formação de atletas e os clubes centenários tiveram muita importância para a conquistas de medalhas no passado. Esses clubes se organizaram através da criação da então Confederação Brasileira de Clubes em 1990, com clubes grandes, tradicionais e multiesportivos. Então essa confederação passou a ter um assento no Conselho Nacional do Esporte (CNE) e ser reconhecida como entidade superior do esporte, assim como o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

A confederação então se tornou comitê e passou a descentralizar recursos em 2014, ainda para um grupo relativamente pequeno de clubes filiados, e em um curto espaço de tempo, o CBC hoje atinge mais de 170 clubes integrados ao seu programa nos três eixos de formação. A estrutura proporcionada pelo CBC motiva muito, pois uma vez que a base está estruturada, você consegue apoiar como um todo o esporte brasileiro. O recado é que essa integração é essencial para a sustentabilidade do esporte nacional.

E qual recado você deixa para os atletas?

O CBC possui um projeto de embaixadores, que são atletas no nível de formação, no nível regional, nacional e atletas olímpicos. Apesar do CBC ser formado por um colegiado de clubes, a presença dos atletas é o que motiva e justifica a existência do CBC. Então, o recado é que quanto mais os atletas obtiverem conhecimento do que é o CBC, quais são os seus três eixos do Programa de Formação de Atletas e os resultados já obtidos pelo programa, quanto mais o atleta tiver noção de pertencimento ao sistema do CBC, melhor. O fortalecimento da representação do atleta é de suma importância e fundamental.

banner fiore

administrator

Outras Notícias

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *