O melhor desempenho individual do Brasil em uma Olimpíada antes pertencia a Isaquias Queiroz, que recebeu três medalhas no Rio 2016
Fonte João Gabriel Rodrigues, do GE e O Globo
1º de agosto de 2021 / Curitiba (PR)
Rebeca Andrade precisou esperar. Terceira a se apresentar, pulou para a liderança àquela altura e sentou. Uma a uma, à beira da pista, viu suas rivais ficarem com notas abaixo que as suas. Aos poucos, o sorriso aumentou até a certeza de que faria história. Com média de 15,083 pontos, garantiu o ouro no salto das Olimpíadas de Tóquio. Depois da prata no individual geral, Rebeca volta a subir ao pódio e conquista sua segunda medalha nos Jogos. A primeira da ginástica feminina do Brasil na história.
Rebeca não para de fazer história. Além de ser a primeira medalhista olímpica na ginástica feminina, ela bateu uma marca que já durava 101 anos e agora detém o melhor desempenho individual do Brasil numa Olimpíada, com um ouro e uma prata.
Apesar de Isaquias Queiroz ser dono de três medalhas no Rio 2016 (duas pratas e um bronze), o canoísta não tem o ouro, que é o critério olímpico utilizado para determinar o desempenho de atletas e países.
Rebeca foi a única a conseguir uma média acima de 15,000 no salto. A prata ficou com a norte-americana Mykayla Skinner, com 14,916. A sul-coreana Seojeong Yeo fechou o pódio, em terceiro lugar, com 14,733.
Daniele Hypolito foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha em Mundiais, uma prata no solo de 2001. Daiane dos Santos a primeira campeã mundial, em 2003. Rebeca em 2021 se tornou a primeira medalhista olímpica. E em dose dupla. Antes, já havia conquistado a prata no individual geral. A partir dali, precisou esperar ainda as últimas rivais. Nota a nota, sorriu. Mais uma vez, a brasileira saltou para a história em Tóquio.
“Estou muito feliz. Trabalhei bastante todo esse tempo. Eu não sei nem o que dizer. Não foram meus melhores saltos. Tanto que eu saí falando assim: ‘Aí, não foi muito bom’. Só que isso é ginástica, né? Isso acontece. Isso é do esporte. Tirei nota o suficiente para tirar o primeiro lugar. Caraca, eu estou muito feliz” disse Rebeca.
Mykayla Skinner foi a primeira a se apresentar. Abriu com um bom salto, ainda que a chegada não tenha sido centralizada. No segundo, pisou em falso e acabou punida. Fechou com 14,916 de média. Na sequência, Alexa Moreno se apresentou na sequência, com 14,716 de média.
“No fim, antes de sair a nota da russa Liliia Akhaimova, Rebeca já estava cercada por câmeras. Ali, todos já sabiam: a ginasta de Guarulhos garantira o primeiro ouro histórico da ginástica feminina do Brasil.”
Era, então, a vez de Rebeca. A brasileira parecia tranquila, à espera de sua apresentação. Falou algumas palavras sozinha, olhou para o lado e sorriu. No primeiro salto, um Cheng bem executado, mas com uma queda um pouco para o lado e recebeu 15,166 pontos. No segundo, um Amanar, com dois passos para o lado na descida e tirou 15,000. Com 15,083 de média, pulou para a liderança naquela altura.
O primeiro grande susto foi com a nota da sul-coreana Seojeong Yeo em seu primeiro salto: 15,333 com o salto mais difícil executado na final. A quase queda no segundo salto, porém, abriu espaço para o ouro de Rebeca. No fim, antes de sair a nota da russa Liliia Akhaimova, a última a se apresentar, Rebeca já estava cercada por câmeras. Ali, todos já sabiam: a ginasta de Guarulhos garantira o primeiro ouro histórico da ginástica feminina do Brasil.
Rebeca ainda disputa mais uma medalha. Se for pódio no solo, ela vai se igualar a Isaquias Queiroz em quantidade de medalhas numa única edição olímpica.