Bronze nas Olimpíadas de Turim 2006, Rosey Fletcher é uma das ex-atletas que acusam Peter Foley de forçar atos sexuais. Confederação americana e USOPC também são citados em ação
Por GE
6 de fevereiro de 2023 / São Paulo (SP)
Três snowboarders americanas que integraram a seleção dos Estados Unidos em competições internacionais entraram com uma ação contra o ex-treinador da equipe do país, Peter Foley, a confederação americana de esqui e snowboard (USSS) e o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) por tráfico sexual, assédio e por permitir e encobrir atos de má conduta e agressão sexual.
Rosey Fletcher, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim 2006, Callan Chythlook-Sifsof, representante dos EUA nos Jogos de Vancouver 2010, e Erin O’Malley afirmam que Peter Foley, Gale “Tiger” Shaw, ex-CEO da confederação de esqui e snowboard, e o USOPC “conspiraram e agiram em conjunto para cometer atos ilegais”.
Demitido pela confederação em março de 2022 em meio a alegações de má conduta sexual, Peter Foley é acusado no processo de ter usado sua posição de poder para “coagir atos sexuais por meio de força, manipulação, abuso emocional, intimidação e retaliação”. Embora o termo “tráfico sexual” normalmente seja utilizado em transações envolvendo dinheiro, também se aplica a situações em que atos sexuais são trocados por “qualquer coisa de valor”.
Fletcher afirma que Foley a assediou sexualmente quando ela tinha 19 anos durante um período de treinamento da equipe nacional e repetiu a conduta em um evento depois de sua prova nas Olimpíadas de Turim, onde ela conquistou o bronze no slalom gigante paralelo. A atleta já havia feito as alegações sob a condição de anonimato e agora, com a abertura do processo, revela sua identidade.
Erin O’Malley, que representou a equipe nacional americana em diversas competições internacionais, diz no processo que os abusos mentais e verbais de Foley começaram quando ela tinha 15 anos. Em um incidente presenciado por Rosey Fletcher após uma competição, o ex-técnico a assediou sexualmente em um elevador.
Parte da equipe americana que disputou as Olimpíadas de Inverno de Vancouver em 2010, Callan Chythlook-Sifsof afirma que foi estuprada por um técnico de outro país durante o Campeonato Mundial Júnior de snowboard, em 2005, quando tinha 16 anos de idade. Segundo o processo, embora o acusado não seja um treinador da seleção americana, a confederação “permitiu que a agressão ocorresse e falhou em mudar o ambiente tóxico.”
A atleta já havia acusado Foley de assédio em fevereiro de 2022, numa série de posts no Instagram. Embora a confederação tenha afirmado que adotou o protocolo de segurança na ocasião, o que implica no afastamento do técnico do convívio com atletas, ele foi visto em contato com snowboarders ao longo de toda a disputa das Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022.
A confederação nacional de esqui e snowboard disse através de um porta-voz que estava ciente da ação aberta no Tribunal Distrital dos EUA em Los Angeles, mas ainda não havia analisado o processo. Foley e o USOPC não se pronunciaram.
Processo paralelo
Em outro processo aberto paralelamente também na última quinta-feira, Lindsey Nikola, ex-funcionária da área de comunicação da USSS, afirma que Foley a coagiu a posar nua durante uma viagem para uma competição e a assediou sexualmente em outros dois episódios. Segundo o processo, ao ser confrontado Foley retaliou garantindo a Nikola que ela não acompanharia a equipe de snowboard nas Olimpíadas.
“Se a USSS tivesse levado a sério a segurança de seus jovens atletas e funcionários, o comportamento de Foley poderia ter sido evitado. Em vez disso, por quase vinte anos, treinadores e executivos da USSS permitiram o comportamento de Foley, recusaram-se a agir e ajudaram a encobrir seu comportamento, permitindo que ele continuasse com seu padrão de abuso”, diz um trecho do processo.