Dono de uma carreira vitoriosa, ele detalha próximos passos como presidente da divisão esportiva do Instituto Reação de Cuiabá
Fonte João Varella / Olimpíada Todo Dia
14 de novembro de 2021 / Curitiba (PR)
Toda história tem um começo, meio e fim. Por mais difícil que as duas etapas anteriores sejam, o final sempre será o mais aguardado e doloroso. Na terça-feira (9), chegou ao fim mais uma linda trajetória do esporte nacional: aos 34 anos, David Moura oficializou o término de sua carreira no judô.
Dono de uma linda trajetória de conquistas em Jogos Pan-Americanos, campeonatos mundiais e títulos de peso, o agora ex-judoca revelou, em entrevista exclusiva ao Olímpiada Todo Dia, que a ideia da aposentadoria, que já vinha martelando em sua cabeça há algum tempo, recebeu a batida final nos últimos dias.
“Todo atleta pensa na carreira em ciclos olímpicos. O adiamento de Tóquio por conta da pandemia já fez com que o ciclo anterior se tornasse ainda maior. Hoje, com 34 anos, não me vejo lutando e treinando durante um novo ciclo inteiro para 2024. As dores ficam mais intensas, a recuperação não acontece mais no mesmo ritmo. Um atleta abdica de muita coisa num ciclo como esse, mas chega um ponto que a gente percebe que já está bom”, declarou David Moura.
Praticante do judô desde os seis anos por influência do pai, Fenelon Oscar Muller, grande judoca da seleção brasileira, David Moura definiu que dedicaria sua vida para a arte marcial japonesa há 14 anos. Desde então, o atleta da categoria peso pesado garantiu uma série de conquistas de peso, como a medalha de prata no Mundial de Budapeste em 2017 e o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015. Apesar das medalhas especiais, o atleta aponta uma outra conquista como a sua principal em sua trajetória.
“Tive várias conquistas das quais me orgulho muito. A prata no Mundial foi um momento muito especial, o ouro no Pan, então, eu me lembro com muito carinho. Porém, uma das coisas que achei mais legal foi o fato de ter encerrado o ano de 2017 como líder do ranking mundial. Isso foi muito especial pra mim e uma conquista muito importante na minha carreira. Era uma coisa que eu não esperava, mas significou muito para a minha trajetória”, relembrou.
Assim como sempre fez, David Moura se despediu das competições oficiais em grande nível. Pela disputa do Mundial Militar, disputado em Paris, na França, no final do mês de outubro, o judoca garantiu a medalha de prata em sua categoria.
Novo capítulo
Apesar da aposentadoria ter sido uma decisão somente agora oficializada, David Moura já tem definido quais serão os seus próximos objetivos de vida.
“Quero começar uma nova etapa na minha vida agora. Mas quero permanecer próximo do judô. Não devo parar totalmente de treinar, mas meu foco agora vai ser outro. Pretendo nesses próximos passos retribuir um pouco de tudo o que o judô me deu”, revelou.
E o próximo passo deverá ser dado de maneira conjunta com o Instituto Reação, projeto social que visa o desenvolvimento de crianças e adolescentes através da iniciação esportiva dos tatamis.
A ligação de proximidade com o projeto vem desde 2013, quando passou a ser treinado pelo medalhista olímpico Flavio Canto, que é o idealizador da causa. Desde então, David Moura, que inclusive utilizava a estrutura do projeto para treinamentos, passou a buscar formas de retribuir a ajuda do treinador, chegando inclusive a representar o instituto nas competições.
A crescente ligação do projeto com o judoca foi tanta, que hoje o Reação já conta com dois polos em Cuiabá, cidade natal de David. Mesmo assim, o agora ex-judoca quer contribuir ainda mais e nos próximos meses deve assumir um cargo diretivo do Instituto Reação, passando a presidir a divisão esportiva do projeto.
“Sinto que essa será uma decisão importante. Sei da importância do Reação para as crianças e sinto que este é um momento que posso ajudar ainda mais. Estou feliz demais com tudo que conquistei e desejo transmitir isso pra frente agora”, completou.