Apagão na Espanha acende alerta global sobre riscos para o esporte em grandes eventos

Apagão na Espanha acende alerta global sobre riscos para o esporte em grandes eventos

O blecaute que paralisou o Mutua Madrid Open escancarou a vulnerabilidade das infraestruturas esportivas e reforçou a urgência de investimentos em energia resiliente diante da proximidade da Copa do Mundo de 2030.

Fonte Víctor García / SportsIn
Curitiba, 2 de maio de 2025

O jornalista Víctor García, do portal SportsIn, assina um artigo instigante que merece ser lido com atenção por todos os profissionais envolvidos com esporte, gestão pública e organização de eventos. A partir do recente apagão que afetou milhões de pessoas na Península Ibérica, García analisa os impactos do colapso energético não apenas no cotidiano da população, mas também no universo esportivo — profissional e amador. A seguir, apresentamos uma versão adaptada do seu texto, com foco nos principais alertas que a crise deixou para o futuro da prática esportiva em escala global.

Arena do Mutua Madrid Open vazia após suspensão dos jogos devido ao apagão que paralisou a Espanha © Reuters

O recente apagão que atingiu a Espanha e Portugal deixou mais de 50 milhões de pessoas sem energia elétrica e colocou à prova a resiliência de uma sociedade inteira. O esporte, como não poderia deixar de ser, ficou em segundo plano. Um exemplo emblemático foi a paralisação do tradicional torneio de tênis Mutua Madrid Open, suspenso até o dia seguinte. Milhares de torcedores precisaram caminhar quilômetros até suas casas ou hotéis. O episódio acendeu um alerta sobre a preparação e a segurança em grandes eventos esportivos. Afinal, a Espanha será uma das sedes da Copa do Mundo de 2030. Já imaginou um apagão durante a final?

O que aconteceu — e as providências em curso

“Quinze gigawatts sumiram repentinamente do sistema em apenas cinco segundos”, explicou o primeiro-ministro Pedro Sánchez, referindo-se ao blecaute ocorrido na segunda-feira, 28 de abril, às 12h33. Foi a primeira vez na história que algo dessa magnitude atingiu a Península Ibérica. Incapaz de equilibrar uma queda tão abrupta entre geração e demanda, o sistema elétrico reagiu com uma proteção automática, desconectando-se internamente e da rede europeia.

Apesar de a rede espanhola ser considerada uma das mais robustas do mundo — graças à sua forte interligação em alta tensão e capacidade de geração síncrona —, a fraca conexão internacional, limitada pela barreira geográfica dos Pirineus, é um ponto vulnerável.

Apagão paralisa academias © Cesar Manso / Getty Images

Ainda não há confirmação oficial sobre as causas, mas a integração crescente de energias renováveis, como solar e eólica, é apontada como fator possível, devido à menor flexibilidade desses sistemas frente a variações bruscas na demanda. Já se discute a necessidade de incorporar estabilizadores de frequência e tensão, além de sistemas de armazenamento, para garantir maior estabilidade à rede.

A sombra da pandemia e o comportamento da população

Em algumas regiões, como San Sebastián, o fornecimento de energia foi restabelecido em cerca de 20 minutos. Em outras partes da Espanha, a população enfrentou mais de 12 horas sem luz. Foi como voltar no tempo: rádios a pilha reapareceram nas ruas, famílias se reuniram em praças, bares ficaram cheios e piqueniques tomaram conta dos parques.

Sem luz, consumidoras recorrem à lanterna do celular para fazer compras durante o apagão © Diego Radames / Anadolu / Getty Images

A resposta da sociedade foi pacífica, mesmo diante do susto inicial. A ausência de vítimas e de distúrbios maiores mostra o preparo de alguns setores: geradores de emergência mantiveram hospitais e prédios essenciais funcionando. Mas a incerteza, combinada à memória ainda recente da pandemia, fez com que muitos temessem algo pior — um ciberataque, um colapso em cadeia ou mesmo um evento de escala global, já que relatos apontavam instabilidades também em Portugal, França, Itália e Reino Unido.

A importância estratégica do esporte

Quando as autoridades esclareceram o ocorrido e a energia começou a voltar, veio o alívio — e, com ele, as reflexões. E se esse apagão tivesse ocorrido durante a final da Copa do Mundo? Ou nas Olimpíadas? O caso espanhol passa a ser observado com atenção por outros países que também contam com redes elétricas centralizadas e, por vezes, vulneráveis.

O empresário Elon Musk comentou de forma sintética: “A Espanha precisa de baterias para estabilizar sua rede elétrica”. O mesmo raciocínio poderia ser aplicado a estádios e centros esportivos? É hora de considerar mecanismos de proteção energética autônoma nos grandes palcos do esporte?

Caos nos transportes: apagão deixa aeroportos, estações ferroviárias, rodoviárias e o metrô no escuro, reunindo milhares de passageiros desorientados e sem informações © AP / Manu Fernandez

Investimentos em infraestrutura energética resiliente deixaram de ser um luxo para se tornar uma necessidade estratégica — inclusive para a realização de eventos esportivos de porte internacional.

Muito além do espetáculo

O apagão também afetou diretamente a prática esportiva cotidiana. Academias, clubes e centros de treinamento fecharam as portas. O governo recomendou que a população evitasse deslocamentos desnecessários. Atividades físicas foram suspensas. Isso impacta diretamente a saúde física e mental da população, lembrando que o esporte não é apenas um espetáculo televisivo — ele é parte essencial de uma sociedade saudável.

Mudanças climáticas, tempestades solares e novos riscos

O blecaute serve de alerta global. Eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas, somados à possibilidade de tempestades solares, expõem a vulnerabilidade das redes energéticas. O planejamento para emergências, o reforço da infraestrutura elétrica e o uso inteligente de tecnologias renováveis passam a ser indispensáveis.

Com a Copa do Mundo de 2030 no horizonte, a lição espanhola é clara: é preciso agir agora.

https://www.sicoob.com.br/web/sicoobcentralscrs

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