Principal mudança é a inclusão de todas as vias injetáveis de glicocorticoides (categoria S9) como proibidas no período em competição, a partir de 1º de janeiro
Fonte COB
9 de novembro de 2021 / Curitiba (PR)
A Agência Mundial Antidoping (WADA) publicou a atualização da lista de substâncias proibidas, que valerá a partir de 1º de janeiro de 2022. A principal mudança é a inclusão de todas as vias injetáveis de glicocorticoides (categoria S9) como proibidas, a partir de 01/01/2022. Até 31/12/2021, são proibidas apenas as vias de administração oral, retal, intravenosa e intramuscular; sendo permitidas todas as outras vias, que incluem, por exemplo, injeções peritendíneas ou intra-articulares.
Mas, a partir de 2022, todas as vias injetáveis serão consideradas desrespeito às regras. Vale destacar que a categoria S9 é proibida somente em competição. Para o José Kawazoe Lazzoli, presidente da Confederação Panamericana de Medicina do Esporte e da Comissão de Autorização para Uso Terapêutico (CAUT) da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), a atualização é positiva.
“Os glicocorticoides têm potencial para melhora de desempenho e podem representar riscos para a saúde. Estudos mostraram que muitas das vias injetáveis que eram permitidas acabavam resultando em concentrações plasmáticas compatíveis com as vias sistêmicas que são proibidas. Além disso, injeções peritendíneas ou intra-articulares, algumas vezes inadvertidamente acabavam se tornando intramusculares”, explicou.
O comitê executivo da WADA durante a reunião de setembro de 2020 propôs a proibição de toda as aplicações injetáveis de glicocorticoides em competição. Embora essa modificação tenha sido aprovada, o comitê executivo pediu à administração da WADA para implementar a proibição apenas a partir de 1º de janeiro de 2022, para permitir tempo suficiente para que as partes interessadas aprendam e se adaptem a essa mudança.
“A mudança torna a regra mais clara, segura, e evita o desgaste da imagem do atleta com um teste positivo. A saúde do atleta sempre será a prioridade e, havendo comprovada necessidade, uma autorização deve ser solicitada obedecendo os requisitos indicados pelo Código Mundial Antidoping. O atleta continua responsável pelo que é encontrado em sua amostra, e a equipe médica também tem o dever de conhecer e respeitar a regra”, disse Christian Trajano, gerente de Educação e Prevenção ao Doping do COB.
“Será necessário que os médicos das equipes estejam atentos ao fato de que agora necessitarão solicitar autorizações para os seus atletas para as vias de administração que eram permitidas e passarão a ser proibidas a partir de 2022. Isso naturalmente deverá implicar em um aumento de solicitações de autorização. Os médicos deverão se manter atualizados e atentos, para evitar procedimentos proibidos a partir de 2022”, analisou Kawazoe.
Se houver a necessidade médica para uso da substância, o atleta pode solicitar uma Autorização de Uso Terapêutico (AUT), desde que seja seguido o padrão internacional da WADA, para concessão de AUTs. E o padrão internacional inclui:
A) Que haja indicação clínica, com base em evidências científicas, para a utilização da substância proibida;
B) Que o objetivo seja, de fato, terapêutico;
C) Que não haja alternativas terapêuticas válidas com substâncias ou vias de administração permitidas, para se considerar o uso da substância proibida.
“Há uma previsão de que deve ocorrer um aumento nos pedidos de AUT porque os glicorticóides são substâncias contidas em muitos medicamentos usados por atletas em recuperação. Para solicitar uma AUT, o atleta deve preencher o formulário específico disponibilizado no site da ABCD e enviá-lo para o e-mail aut@abcd.gov.br. A concessão de uma AUT pode demorar até 21 dias, de acordo com o padrão internacional. Então, é muito importante se planejar e fazer o pedido de forma antecipada”, disse Luisa Parente, secretária nacional da ABCD.
“A Comissão de AUT da ABCD age sempre sob os mais rigorosos preceitos técnicos e éticos, autorizando quando o padrão internacional de solicitações é contemplado, de forma a permitir tratamentos corretos, sob os pontos de vista ético e científico, quando os diagnósticos dos atletas estiverem documentados e justificados de forma consistente”, completou Kawazoe.
Todos os anos, a WADA conduz um extenso processo de consulta sobre a lista proibida, que envolve alguns dos especialistas mais qualificados nas áreas de ciência e medicina de todo o mundo. Isso permite que a WADA analise as últimas tendências e pesquisas científicas para garantir que qualquer substância ou método novo ou existente que possa atender aos critérios de adição à lista seja considerado em tempo hábil, de modo a proteger a saúde do atleta e manter um jogo igual para todos.
“A data limite para a disponibilização das informações em português para todo o Movimento Olímpico do Brasil é 1º de janeiro de 2022, dia que a lista 2022 entra em vigor. Mas quanto antes a comunidade esportiva do Brasil puder ter a informação sobre todas as mudanças da lista, mais benéfico será para os atletas. Entendo que a ABCD e o COB estão trabalhando juntos para disponibilizar as informações traduzidas e facilitar o acesso a todas as mudanças”, disse Maria José Pesce, diretora regional da WADA para a América Latina.
“Trabalhamos sempre em parceria com o COB que é membro do Fórum Brasileiro de Controle de Dopagem, uma parceria bem intrínseca, em cooperação conforme reza o Sistema Internacional Antidopagem”, explicou Parente.
“A página antidoping do site do COB é uma excelente fonte de informação e lá é possível encontrar mais esclarecimentos sobre este tema e muitos outros. Se ainda restarem dúvidas, responderemos a todos pelo Fale Conosco”, disse Trajano.
Para auxiliar atletas, comissões técnicas e médicos, o COB, através de sua área de Educação e Prevenção ao Doping, vai disponibilizar no portal toda a documentação e orientações da WADA sobre a atualização da lista de substâncias proibidas. Basta acessar os links abaixo.
Outras mudanças
Além da proibição de todas as vias injetáveis de glicorticóides durante o período de competição, a WADA fez outras alterações na lista. Veja abaixo:
S3. Agonistas Beta-2 – dosagem de salbutamol
No que diz respeito ao salbutamol, os intervalos de dosagem diários são modificados para 600mg ao longo de oito horas, a partir do momento em que qualquer dose é administrada (anteriormente 800mg ao longo de 12 horas). A dose diária total permitida permanece em 1.600mg ao longo de 24 horas. Uma AUT deve ser solicitada para doses que excedam esses limites.
S0. Substâncias não aprovadas
Pela primeira vez, uma substância foi incluída pelo nome como exemplo na seção S0 (substâncias não aprovadas) da lista. Esta substância, BPC-157, é um peptídeo experimental vendido como suplemento e foi incluído na lista 2022 após uma recente reavaliação de seu status.