Netinho, Ícaro e Milena, representantes do taekwondo pelo Time Brasil, atuaram no primeiro fim de semana dos Jogos Olímpicos
Por Helena Sbrissia / Global Sports
26 de julho de 2021 / Curitiba (PR)
A jornada olímpica do taekwondo brasileiro chegou ao fim no primeiro fim de semana dos Jogos Olímpicos de Tóquio. A modalidade foi representada por três atletas: Netinho, Ícaro e Milena, que acabaram sendo eliminados do torneio.
Na madrugada de domingo (25), Netinho foi derrotado nas oitavas de final da categoria até 68kg. Seu algoz foi o turco Hakan Reçber, eliminado na fase seguinte pelo britânico Bradly Sinden. A derrota do adversário impossibilitou a disputa do bronze pelo brasileiro, que só poderia lutar pela terceiro lugar se o turco chegasse à final.
Ícaro Martins, que disputava a categoria até 80kg, também foi eliminado nas oitavas de final neste domingo. O italiano Alessio Simone levou a melhor sobre o brasileiro de 26 anos, que também precisava que o adversário chegasse à final para disputar a repescagem. Simone, no entanto, perdeu para o egípcio Seif Eissa.
Já Milena Titoneli, de 22 anos, estreou com vitória sobre Julyana Al-Sadeq, da Jordânia, numa decisão dos juízes após um empate por 9 a 9. Ao avançar para as quartas de final ela foi derrotada pela croata Matea Jelic por 30 a 9, mas, diferente de seus colegas de categoria, conseguiu participar da repescagem porque Matea avançou para a final.
Na repescagem Milena enfrentou Lauren Lee e venceu, construindo um placar bastante expressivo de 26 a 5, e avançou para a disputa do bronze. No combate contra a marfinense Ruth Gbagbi, porém, ela foi derrotada, por 12 a 8, e deu adeus ao sonho olímpico – pelo menos por enquanto.
Avaliação da seleção brasileira
A Budô entrevistou Carlos Negrão, ex-técnico da seleção brasileira por três ciclos olímpicos, para quem a performance dos taekwondistas ficou aquém do esperado.
“Temos excelentes atletas treinadores e comissão técnica, que tiveram grande apoio da Confederação Brasileira de Taekwondo e do Comitê Olímpico do Brasil. Aliás, esta foi a melhor Olimpíada de todos os tempos neste quesito e os atletas foram atendidos em tudo o que foi preciso. Por isso, devemos estudar e avaliar por que não atingimos os objetivos traçados.”
Segundo Negrão, quando o taekwondo brasileiro passou a integrar o Time Brasil nas Olimpíadas, em Sydney 2000, a estrutura era extremamente precária, com técnicos que não recebiam sequer salário e atletas que não tinham nenhum tipo de ajuda, como o Bolsa Atleta, um benefício criado somente em 2005 pelo governo federal.
“Inclusive, tivemos na história da modalidade técnicos e atletas que pagaram suas passagens para participar de pré-olímpicos. Isso foi evoluindo com os resultados do taekwondo e, hoje, o que a confederação brasileira e o COB oferecem para a comissão técnica da CBTKD e para os atletas é o melhor que a gente já teve na história e é melhor, também, do que 90% dos outros países oferecem na atualidade. Então, a gente espera um resultado muito melhor também.”
O ex-técnico observou que a seleção brasileira recebe um tratamento de altíssimo nível e que a CBTKD disponibiliza uma equipe técnica de ponta que teve a sua disposição ótimos treinadores, preparadores físicos e analistas de desempenho. Puderam treinar e competir fora do Brasil e apesar da pandemia realizar campings e intercâmbios e uma infraestrutura com o padrão do COB para o fomento do esporte.
“A seleção brasileira de taekwondo é uma das que recebe maior suporte da sua confederação nacional. Então, eu acho que nós precisamos reajustar o que está errado, e para isso é preciso conversar e ouvir gente de fora. Dessa forma conseguiremos realinhar a rota para termos um resultado muito melhor em 2024.”
Negrão destacou o privilégio que é para a CBTKD ter um presidente que já atuou como técnico e treinador nas categorias de base, equipes juvenis e até mesmo de seleções olímpicas. Em suas palavras, falar com um dirigente que tem no currículo e que vivenciou recentemente os problemas que uma comissão técnica enfrenta em uma preparação olímpica. A atuação ativa nessas áreas facilita as conversas sobre necessidades da equipe e, ainda, sua experiência é capaz de detectar erros de execução.
“Dou os parabéns à confederação pelo que conseguiu propiciar em termos de estrutura e apoio para a seleção brasileira e comissão técnica. Apesar do resultado ter ficado abaixo do que todos buscavam, esse foi o ciclo olímpico em que a seleção brasileira contou com o maior apoio dos seus gestores, e eu espero que esse apoio não diminua, mas que ele continue.”
Para Negrão, o erro que resultou na derrota dos três representantes brasileiros do taekwondo ocorreu na preparação, porque, segundo ele, o trio era composto pelos melhores representantes do País na modalidade. “Pelo potencial deles e dos treinadores, poderiam ter ido muito melhor, todos eram candidatos a medalha. Então, se não houve medalha, houve algum erro na preparação. É preciso investigar o que aconteceu para evitar que se repita.”
A confiança, contudo, não está abalada. O taekwondista explicou que Netinho, Ícaro e Milena ainda são atletas jovens e com muito talento e potencial, portanto, corrigindo as falhas que resultaram na eliminação em Tóquio 2020, podem voltar a representar o Brasil nos próximos Jogos Olímpicos: “Se a gente conseguir corrigir a rota, esses mesmos atletas chegarão com mais experiência e mais bem preparados. Deixo meus parabéns a CBTKD pelo apoio oferecido aos nossos atletas e acredito que no curto prazo teremos um futuro brilhante para o taekwondo brasileiro.”