Paulo Wanderley Teixeira considera excelente o resultado do Time Brasil nos Jogos de Tóquio 2020 e destaca a atuação das mulheres
Fonte O Globo
12 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)
Em artigo publicado no jornal O Globo desta quinta-feira (12), intitulado Três passos para o ouro, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley Teixeira, fala de sua satisfação com os resultados obtidos pelo Time Brasil em Tóquio. Destaca a subida do País na classificação geral e o recorde de medalhas e atribui o sucesso a três fatores: Missão Europa, rigor nos protocolos de saúde e equidade de gênero. Veja a seguir a íntegra do artigo.
“Ainda no longo retorno ao Brasil, na escala em Doha, escrevo este texto com uma sensação de gratidão e dever cumprido. Regressar trazendo na mala a melhor campanha em Jogos Olímpicos é algo extraordinário.
Em Tóquio, terminamos em 12º lugar entre 206 nações participantes. Fizemos história. O Time Brasil subiu um degrau em relação ao recorde anterior, obtido no Rio 2016. Foram 21 pódios, com uma delegação de 317 atletas (comparados a 465 no ciclo anterior). Desde que assumi a presidência do Comitê Olímpico do Brasil, em outubro de 2017, nos planejamos para entregar a melhor campanha da história.
Todos sabíamos que o desafio, acentuado pela pandemia, seria gigantesco e nos preparamos para isso. Os caminhos que nos levaram à trajetória de sucesso no Japão foram inúmeros. Um trinômio foi fundamental: Missão Europa, rigor nos protocolos de saúde e equidade. Os antivirais para combater uma malograda campanha começaram com o investimento de R$ 46 milhões na preparação internacional.
Quando os espaços de treinamento fecharam no Brasil, fomos ágeis e asseguramos um local de excelência em Portugal. Das 13 modalidades que subiram ao pódio, nove participaram da Missão Europa. Em solo japonês, criamos oito bases para facilitar a aclimatação, respeitando a especificidade dos treinamentos de cada modalidade.
Mesmo com a equipe espalhada pelo Japão, mantivemos o rigor na preservação da saúde. Não tivemos nenhum caso de covid-19 em nossa delegação, incluindo atletas, comissão técnica e outros credenciados. E só conseguimos esse feito porque um time muito qualificado trabalhou arduamente.
“Tenho certeza de que devolvemos ao Brasil o orgulho
e a esperança de um País melhor e plantamos nas
novas gerações o desejo de lutar por seus sonhos.”
Fizemos testagens diárias e restringimos a circulação de pessoas. Cortamos na carne, diminuímos o número de enviados nas comissões técnicas. Levamos na bagagem 68 mil máscaras descartáveis e 2.400 máscaras N95. A vacinação contemplou 96% dos atletas.
Um terceiro pilar de nossa conquista foi a equidade. Dogma da nossa gestão no comando do COB, a presença das mulheres foi marcante na Vila Olímpica. Elas ganharam nove das 21 medalhas verde-amarelas, a melhor performance feminina da história do País nos jogos. O carisma de ouro de Rebeca, a juventude de Rayssa, a raça de Mayra Aguiar, o fôlego de Ana Marcela, a técnica de Martine Grael e Kahena Kunze, a luta de Bia Ferreira, a perseverança de Laura Pigossi e Luísa Stefani e a união das meninas do vôlei nos emocionaram.
Tenho certeza de que devolvemos ao Brasil orgulho e a esperança de um País melhor e plantamos nas novas gerações o desejo de lutar por seus sonhos.A vitória é das 35 modalidades do Movimento Olímpico Brasileiro. É dos nossos patrocinadores. É de todos os atletas, que deram exemplo de respeito, civilidade, fair play e patriotismo. Dos funcionários do COB. E da torcida brasileira, que enviou as melhores energias para o outro lado do mundo. A alegria e o prazer que o Time Brasil nos deu lembram que há muito ainda a fazer.
O trabalho duro já começou. Para o COB, já foi dada a largada para a Olimpíada de 2024. Obrigado, Tóquio. Que venha Paris!”