Los Angeles 2028 sob risco: crise global expõe rachaduras no modelo olímpico

Los Angeles 2028 sob risco: crise global expõe rachaduras no modelo olímpico

Crise econômica global, aumento das tarifas e instabilidade política desafiam Los Angeles 2028, que tenta evitar os erros de edições anteriores e equilibrar sonhos olímpicos com a realidade financeira.

Fonte Alex Oller / Inside the Games
Curitiba, 7 de abril de 2025

Com a alta nas tarifas comerciais dos Estados Unidos, a queda nos mercados globais e o aumento dos alertas de inflação, os organizadores dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 enfrentam uma missão difícil: repetir o sucesso de quatro décadas atrás, quando a cidade obteve lucro com o evento. O cenário atual, no entanto, é bem mais desafiador.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) continua exaltando os benefícios econômicos das Olimpíadas: capacitação de voluntários e profissionais, desenvolvimento da indústria de eventos e turismo, fortalecimento de relações diplomáticas e projeção internacional. Mas a experiência histórica revela que, muitas vezes, o legado não corresponde às promessas.

A exemplo do Rio 2016, onde parte da infraestrutura permanece subutilizada e a crise fiscal se agravou, os Jogos deixam marcas ambíguas. O COI reconhece essas críticas e, nos últimos anos, passou a adotar um modelo mais sustentável, priorizando a reutilização de estruturas existentes e exigindo menos investimentos públicos. Paris 2024 tentou seguir esse modelo. Los Angeles, por sua vez, terá o desafio de aplicar a mesma lógica em um ambiente político hostil à pauta ambiental e com um novo governo Trump de perfil nacionalista.

Apesar do discurso do COI, segundo o qual os comitês organizadores são financiados quase totalmente pela iniciativa privada e os orçamentos operacionais tendem ao equilíbrio ou até lucro, autoridades locais demonstram preocupação. Uma carta recente do controlador financeiro da cidade, Kenneth Mejia, à prefeita Karen Bass alertou para um excedente de US$ 300 milhões em gastos públicos, em parte agravado pelos custos de recuperação após incêndios florestais devastadores na Califórnia.

Visando maior controle e previsibilidade, o COI alterou o processo de escolha das sedes após os Jogos do Rio, estabelecendo comissões de avaliação e limitando candidaturas frágeis financeiramente. Ainda assim, um relatório da CNBC revelou que, em caso de déficits, até US$ 270 milhões poderão ser cobertos com recursos municipais.

https://www.sicoob.com.br/web/sicoobcentralscrs

O custo médio das edições olímpicas gira em torno de US$ 12 bilhões, segundo estudo da Universidade de Oxford. No caso do Rio 2016, foram gastos US$ 13,5 bilhões. A NBC, detentora dos direitos de transmissão nos Estados Unidos, já assinou novo contrato, e os organizadores esperam compensar os investimentos com direitos de TV, patrocínios e venda de ingressos.

Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, reconheceu que o Brasil falhou em planejar o pós-Jogos. “O COB não projetou além de 2016”, afirmou, destacando a retirada de patrocinadores como a Petrobras.

Movimento NOlympicsLA

Atentos a esse histórico, os organizadores de LA28 terão de equilibrar otimismo e prudência. O movimento NOlympicsLA, crítico à realização do evento, pressiona por maior transparência e responsabilidade social. Embora a cidade já tenha recebido os Jogos em 1932 e 1984, a conjuntura atual impõe obstáculos inéditos.

O funcionário municipal Matthew Szabo comparou o momento ao pós-crise de 2008 e defendeu cortes imediatos no orçamento. “Estamos enfrentando ventos financeiros contrários severos”, declarou ao New York Times.

Faltando pouco mais de três anos para o início dos Jogos, o caminho até 2028 será tão cheio de incertezas quanto a própria economia global. E, desta vez, nem o brilho olímpico será suficiente para esconder as rachaduras de um cenário cada vez mais exposto.

https://www.originaltatamis.com.br/

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