A conquista inédita da medalha de bronze pelas tenistas Luísa Stefani e Laura Pigosse abre margem para um debate sobre categorias como tênis de mesa, que, mesmo sem subir ao pódio, garantem feitos históricos
Por Helena Sbrissia e Paulo Pinto / Global Sports
31 de julho de 2021 / Curitiba (PR)
Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão proporcionando a conquista de diversos feitos e índices históricos para o Time Brasil. Mesmo ocupando a 20ª colocação temporária no quadro geral de medalhas, o País está conseguindo superar-se em diversas modalidades consideradas de menor tradição. Tênis de mesa, tiro com arco, tênis, canoagem slalom, remo… E a lista continua.
Apesar de não possuírem o glamour de esportes como vôlei, futebol, judô e até ginástica, o bom direcionamento do investimento feito pelas confederações dos recursos disponibilizados pelo Comitê Olímpico do Brasil, Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania e empresas da iniciativa privada nos últimos anos está rendendo excelentes frutos ao Brasil em modalidades que, infelizmente, ainda não ocupam o mesmo espaço na mídia esportiva e nem dispõem de recursos financeiros tão expressivos quanto os das principais modalidades.
Neste sábado (31), por exemplo, a dupla Luísa Stefani e Laura Pigosse conquistou um feito histórico: pela primeira vez nos 125 anos de Olimpíadas modernas o Brasil alcançou um pódio no tênis. A medalha de bronze veio da vitória sobre a dupla russa Elena Vesnina e Veronika Kudermetova.
“Agora vai dar para perceber todo o carinho que o Brasil nos está dedicando. É um sentimento de paz, um sentimento de felicidade pura, um sentimento de conquista. É um sonho, na verdade, conquistar uma medalha olímpica. A medalha vai ficar para sempre, nossos nomes vão ficar para sempre. Mas vou guardar na memória o que vivi aqui”, afirmou Luísa, que é, atualmente, número 23 do ranking mundial de duplas.
A classificação de Hugo Calderano, do tênis de mesa, para as quartas de final na última semana, apesar de não terminar em uma medalha, também foi histórica. O carioca chegou à melhor colocação de um mesatenista brasileiro em Olimpíada, superando a própria campanha do Rio 2016, e a de Hugo Hoyama em Atlanta 1996.
Diversas confederações brasileiras adotaram estratégias parecidas com as da CBTM. Quando a última Olimpíada acabou, a entidade tomou a decisão de concentrar esforços numa única estrela: Calderano. Esse resultado é fruto de um trabalho conjunto do atleta e da confederação que o representa, que investiu pesadamente nele.
“Nós ponderamos: qual é a nossa chance de medalha? Tínhamos um atleta diferenciado, o Hugo Calderano, então demos a condição ideal para ele treinar e, assim, puxar os outros atletas. Ele seria o nosso ídolo e planejamos tudo para que isso acontecesse”, explicou Alaor Azevedo, presidente da CBTM.
Segundo ele, cerca de R$ 4 milhões foram investidos em Hugo e em sua preparação desde os jogos do Rio, o que garantiu a ele condições ideais, como uma equipe técnica de ponta disponível integralmente.
O resultado individual não resultou em medalhas, mas há grande esperança de que ela seja conquistada no torneio masculino de equipes. Integrado por Hugo Calderano, Gustavo Tsuboi e Vitor Ishiy, o time é o sexto colocado no ranking mundial da modalidade.
“Vamos brigar com quem vier. Sei que o esporte é muito tradicional na Ásia e, com certeza, eles são os favoritos. Mas nas últimas competições por equipes já tivemos bons resultados, tanto no mundial quanto nas copas do mundo. Estamos bem preparados e com a cabeça tranquila para pegar alguma oportunidade, se houver”, completou Calderano, que é o atual número 7 do mundo.
Na canoagem slalom o Brasil conquistou a primeira vaga numa final de Olimpíada graças a Ana Sátila. No remo, a primeira semifinal, com Lucas Verthein. No tiro com arco, Marcus D’Almeida chegou às oitavas de final.
O desempenho dessas modalidades em Tóquio deve ser celebrado e respeitado, mesmo sem conquista de medalha, porque mostram evolução e maturidade na gestão do investimento feito no esporte em nosso País.