Quatro modalidades de luta — judô, taekwondo, wrestling e boxe — receberão investimentos robustos para ampliar treinamento, equipes técnicas e participação internacional no ciclo rumo a Los Angeles 2028
Por Paulo Pinto / Global Sports Editora
Curitiba, 12 de dezembro de 2025
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) aprovou nesta quarta-feira (10) o orçamento de 2026, estabelecendo o maior repasse já direcionado às Confederações Olímpicas: R$ 285 milhões, provenientes da Lei Agnelo/Piva, que destina parte das receitas das Loterias Caixa ao esporte de alto rendimento.
O montante supera em R$ 20 milhões o recorde anterior e consolida um ciclo de crescimento sustentado no financiamento do esporte olímpico nacional.
A distribuição dos recursos levou em consideração critérios esportivos e de gestão, com peso maior para resultados recentes em eventos internacionais relevantes. O planejamento inclui investimento em treinamento de equipes, contratação de profissionais de excelência, participação em competições nacionais e internacionais, além de compra de equipamentos e materiais técnicos.
No ranking de repasses, três Confederações lideram com folga: GINÁSTICA (R$ 16,5 milhões), VOLEIBOL (R$ 14,1 milhões) e JUDÔ (R$ 12,7 milhões) — juntas, representam o núcleo estratégico da preparação brasileira para o ciclo olímpico.
Ao todo, 37 Confederações serão beneficiadas, e outras cinco receberão aporte de R$ 9,6 milhões por meio de um fundo destinado a novos ingressos no sistema esportivo.
Saúde financeira e gestão estratégica
Na assembleia, o COB apresentou o balanço de gestão de 2025: o orçamento inicialmente aprovado com déficit previsto de R$ 78 milhões foi revertido, resultando em superávit projetado de R$ 15 milhões.
Segundo o diretor de Operações, Marcelo Vido, essa virada decorre de três pilares de gestão: responsabilidade fiscal, manutenção do desempenho esportivo e investimento estruturado em infraestrutura e programas de base. Essa lógica será mantida até 2028.
Para 2026, o orçamento global aprovado pelo COB será de R$ 678,6 milhões, abrangendo Projetos Especiais, Preparação Olímpica e Pan-Americana, programas para jovens atletas, Bases Internacionais e iniciativas estratégicas como Mulher no Esporte.
Lutas com repasses reforçados
As modalidades de combate, historicamente responsáveis por grande parte das medalhas olímpicas do Brasil, receberam atenção especial do orçamento.
JUDÔ — R$ 12,748 MILHÕES
Terceira modalidade mais contemplada de todo o sistema, o judô reafirma posição de potência nacional. Os recursos permitirão ampliar intercâmbios, fortalecer o suporte científico e valorizar atletas em transição entre base e alto rendimento.
BOXE — R$ 10,186 MILHÕES
Com resultados expressivos em Pan-Americanos e Mundiais, o boxe contará com estrutura ampliada para equipes multidisciplinares, centros de treinamento e calendário internacional mais robusto.
TAEKWONDO — R$ 8,167 MILHÕES
Em curva ascendente, o taekwondo terá recursos estratégicos para elevar competitividade, reforçar comissões técnicas e expandir a presença em eventos qualificatórios.
WRESTLING — R$ 6,677 MILHÕES
A modalidade ampliará ações de desenvolvimento regional, bolsas para atletas e participação em competições internacionais, fundamentais para evoluir no cenário continental.
Repasse recorde
Valores dos repasses das 37 modalidades em milhares de reais:
- Atletismo – 10.106
- Badminton – 5.858
- Basketball – 6.195
- Beisebol e Softbol – 1.926
- Boxe – 10.186
- Canoagem – 11.582
- Ciclismo – 7.684
- Cricket – 1.926
- Desportos Aquáticos – 11.782
- Desportos na Neve – 5.627
- Desportos no Gelo – 6.384
- Escalada Esportiva – 5.348
- Esgrima – 5.688
- Futebol Americano – 1.926
- Ginástica – 16.536
- Golfe – 5.408
- Handebol – 5.848
- Hipismo – 10.558
- Hóquei sobre Grama e Indoor – 5.196
- Judô – 12.748
- Lacrosse – 1.926
- Levantamento de Pesos – 7.114
- Pentatlo Moderno – 5.780
- Remo – 6.148
- Rugby – 7.013
- Skateboarding – 11.338
- Squash – 1.926
- Surf – 11.399
- Taekwondo – 8.167
- Tênis – 7.267
- Tênis de Mesa – 8.752
- Tiro com Arco – 7.804
- Tiro Esportivo – 6.207
- Triathlon – 6.779
- Vela – 8.462
- Voleibol – 14.100
- Wrestling – 6.677
- Fundo para Novas Confederações – 9.628
Total: R$ 285 milhões
Reforma estatutária: modernização necessária
Além do orçamento, a Assembleia Geral aprovou a primeira grande reforma do Estatuto do COB desde 2019, atualizando diretrizes de governança, elegibilidade, transparência e processos internos. A medida alinha o COB às melhores práticas internacionais e fortalece institucionalmente o Movimento Olímpico do Brasil.
Rumo a Los Angeles 2028
Com o maior orçamento da história e uma política de distribuição baseada em desempenho esportivo, governança e critérios técnicos, o COB inicia 2026 reforçando a solidez do novo ciclo olímpico. A ampliação dos repasses cria um ambiente mais estável para planejamento de médio e longo prazo, permitindo que as Confederações organizem preparações robustas, ampliem participação internacional, qualifiquem equipes multidisciplinares e invistam em centros de treinamento, renovação de talentos e expansão técnica em todo o país.
A liderança de ginástica, vôlei e judô — três pilares tradicionais do alto rendimento brasileiro — somada ao crescimento consistente das modalidades de combate, como taekwondo, wrestling e boxe, revela um cenário de fortalecimento estratégico. Trata-se de um ciclo que promete combinar continuidade e inovação, com o objetivo de manter o Brasil competitivo no cenário mundial e pavimentar conquistas mais amplas rumo aos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028.O esporte brasileiro entra no ciclo de Los Angeles 2028 mais estruturado e mais unido em torno de metas claras: desempenho, transparência e legado.



