Comitê Olímpico dos EUA pressiona por garantias de financiamento a esportes olímpicos nas universidades

Comitê Olímpico dos EUA pressiona por garantias de financiamento a esportes olímpicos nas universidades

Mais do que preservar modalidades olímpicas nas universidades, o Comitê Olímpico dos EUA age para conter o esvaziamento silencioso de uma estrutura que alimenta sua supremacia esportiva global.

Por Alex Oller / Inside The Games
Adaptação Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 25 de julho de 2025

Em meio à polêmica gerada por sua nova diretriz sobre a participação de atletas transgênero, o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) tenta reacender uma discussão estratégica: a retomada da Lei SCORE, projeto que propõe salvaguardas para o financiamento de esportes olímpicos no ambiente universitário norte-americano.

Ofuscada pela repercussão da chamada “Política de Segurança dos Atletas do USOPC”, que passou a restringir a participação de atletas transgênero em eventos olímpicos e paralímpicos a partir de 21 de julho de 2025 — medida alinhada ao discurso conservador do presidente Donald Trump —, a mobilização institucional em torno do financiamento do esporte universitário passou quase despercebida. No entanto, ela pode ter impactos profundos na base do alto rendimento dos Estados Unidos.

Gene Sykes, presidente do USOPC © Getty Images

A CEO do USOPC, Sarah Hirshland, afirmou à agência Associated Press que a entidade encaminhou ao Congresso uma carta conjunta com o presidente Gene Sykes solicitando a reabertura do debate sobre a Lei SCORE. O objetivo é manter, ou preferencialmente ampliar, os investimentos obrigatórios em modalidades olímpicas nas universidades, que hoje se veem pressionadas a priorizar esportes de grande apelo comercial, como futebol americano e basquete.

“O USOPC está comprometido em ser parceiro desse processo e deseja compartilhar mais dados, análises e recomendações com o Congresso”, afirmou a carta.

Medidas contra cortes e concentração de recursos

A versão atual da Lei SCORE, aprovada recentemente por uma subcomissão, estabelece um mínimo de 16 equipes esportivas por instituição — número alinhado às diretrizes da NCAA (entidade que regula o esporte universitário nos EUA). No entanto, Hirshland alertou que, sem cláusulas adicionais, a regra pode permitir cortes drásticos em programas olímpicos.

Temos orgulho de compartilhar nosso Relatório de Impacto de 2024, celebrando um ano decisivo de performances históricas, maior apoio aos atletas e engajamento e arrecadação de fundos sem precedentes dos fãs. 2024 foi um ano marcado por orgulho, união e conquistas em todo o Movimento.” — post do USOPC no X, acompanhado por gráfico que destaca os avanços institucionais no ciclo olímpico © Getty Images

“O projeto, da forma como está, tornaria muito fácil para uma universidade cortar 15 modalidades e concentrar todos os recursos em uma só. Precisamos garantir que as instituições não se tornem apenas universidades de futebol americano”, advertiu.

Os números reforçam a preocupação: 75% dos atletas olímpicos e 53% dos paralímpicos norte-americanos passaram por programas universitários. Entre as 67 universidades do grupo “Power Four”, apenas três não possuem mais de 16 modalidades esportivas — a média gira em torno de 21. A legislação visa impedir que pressões políticas e comerciais levem à descaracterização da base de desenvolvimento olímpico do país.

Divisões políticas e o desafio da aprovação

Além da questão orçamentária, a Lei SCORE também contempla interesses da NCAA, como proteção contra litígios antitruste, definição da prevalência das leis estaduais sobre as regras de NIL (nome, imagem e semelhança), e a polêmica cláusula que impede que atletas universitários sejam reconhecidos como funcionários — contrariando decisões judiciais recentes que reconhecem o direito à remuneração direta.

A proposta conta com apoio de sete parlamentares republicanos e dois democratas, mas ainda precisa do voto favorável de pelo menos sete senadores democratas — um cenário considerado improvável no atual clima de polarização ideológica nos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, permanece a preocupação de que a maior parte dos recursos captados por meio de NIL continue sendo canalizada para esportes de massa, deixando as modalidades olímpicas vulneráveis à perda de investimento.

“Não queremos que os esportes olímpicos sejam deixados de lado, cortados ou esvaziados de recursos. Queremos que as escolas continuem investindo no crescimento dessas modalidades”, concluiu Hirshland.

Superávit olímpico e Jogos em casa

Apesar da preocupação com o futuro, o USOPC encerrou 2024 com números robustos: receita consolidada de US$ 497 milhões (€ 422 milhões) e despesas de US$ 385 milhões (€ 327 milhões), gerando um superávit de US$ 112 milhões (€ 95 milhões), típico de ano olímpico.

O cenário financeiro é especialmente relevante diante dos próximos compromissos do país no ciclo olímpico: os Estados Unidos serão sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2028, em Los Angeles, e dos Jogos de Inverno de 2034, em Salt Lake City. Manter uma base universitária forte e diversa, como historicamente fizeram, pode ser decisivo para o desempenho em casa — e para preservar o status dos EUA como maior potência olímpica do mundo.

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