Depois de sinalizar o retorno dos russos ao esporte e por isso ser acusado de compactuar com a guerra na Ucrânia, Comitê Olímpico Internacional reafirma suspensão da Rússia e de Belarus
Por GE
5 de fevereiro de 2023 / São Paulo (SP)
Depois de ver uma ameaça de boicote às Olimpíadas de Paris 2024 e de ser acusado de compactuar com a guerra na Ucrânia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) reafirmou nesta quarta-feira a suspensão a Rússia e Belarus das competições internacionais. A posição é uma mudança de tom depois de sinalizar a possibilidade de atletas russos e belarrussos disputarem os eventos pré-olímpicos da Ásia, evitando assim duelos com ucranianos.
“As sanções contra os governos da Rússia e de Belarus não são negociáveis. Eles foram confirmados por unanimidade pela recente reunião da Cúpula Olímpica em 9 de dezembro de 2022. Eles são: Nenhum evento esportivo internacional sendo organizado ou apoiado por uma IF (Federação Internacional) ou CON (Comitê Olímpico Nacional) na Rússia ou Belarus; nenhuma bandeira, hino, cores ou quaisquer outras identificações desses países sendo exibidas em qualquer evento esportivo ou encontro, incluindo todo o local; e nenhum funcionário do governo ou estado russo e belarrusso deve ser convidado ou credenciado para qualquer evento ou reunião esportiva internacional”, afirmou em nota o COI.
O posicionamento do COI é uma resposta a Mykhaïlo Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy. Ele postou em suas redes sociais uma afirmação acusando o COI de não se importar com as mortes da guerra para lucrar.
“O COI promove a guerra, assassinato e destruição. O COI assiste com prazer a Rússia destruir a Ucrânia, enquanto oferece à Rússia uma plataforma para promover o genocídio e encorajar futuras mortes. Claramente, o dinheiro russo compra a hipocrisia e não tem o cheiro do sangue ucraniano. Certo, sr. Bach (Thomas Bach, presidente do COI)?”
Na última semana, o COI disse em comunicado que “recebeu e apreciou a oferta do Conselho Olímpico da Ásia para dar a esses atletas acesso às competições asiáticas”. Isso também poderia incluir eventos de qualificação olímpica, já que hoje atletas russos e belarrussos estão impossibilitados de competir na Europa devido a restrições e proibições em função da invasão à Ucrânia. O COI já havia indicado que os atletas poderiam competir como neutros em Paris 2024, mas ainda não está claro como eles se classificariam.
Por outro lado, Stanislav Pozdnyakov, presidente do Comitê Olímpico da Rússia, criticou a possibilidade de que essa permissão para atletas russos competirem esteja atrelada a um declarado posicionamento contra a guerra. Pozdnyakov no ano passado incentivou que atletas russos se juntassem ao exército do país.
“Os russos devem participar nas mesmas condições que os atletas de outros países. Não aceitamos condições e critérios adicionais, especialmente aqueles que incluem algum tipo de componente político absolutamente inaceitável para o Movimento Olímpico”, disse Pozdnyakov à TASS, agência de notícias oficial da Rússia.
Paris 2024 também se posiciona
O Comitê Organizador dos Jogos de Paris também se posicionou sobre a participação de russos e belarrussos nas Olimpíadas. Os franceses ressaltaram que vão seguir as determinações do COI.
“No que diz respeito à presença de atletas russos e belarrussos nos Jogos de Paris 2024, recorde-se que o sistema de qualificação é determinado pelas federações internacionais, COI e IPC (Comitê Paralímpico Internacional). Nosso desejo é que o Movimento Olímpico, o Movimento Paralímpico e os atletas vivam os Jogos de Paris 2024 com espírito de paz, respeitando os valores da fraternidade e da solidariedade, afirmou Paris 2024 em nota à agência de notícias Reuters.