Câmara avança em projeto que torna permanente a Lei de Incentivo ao Esporte

Câmara avança em projeto que torna permanente a Lei de Incentivo ao Esporte

Projeto aprovado pela comissão especial busca dar segurança jurídica e previsibilidade de longo prazo à Lei de Incentivo ao Esporte, ampliando o impacto social e o potencial econômico do setor.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 15 de julho de 2025

A comissão especial do projeto de lei que torna permanentes os incentivos fiscais para projetos esportivos e paraesportivos aprovou o texto do relator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Pela versão aprovada, pessoas físicas que contribuírem financeiramente com iniciativas desportivas poderão abater até 7% do Imposto de Renda devido. No caso de empresas, a dedução é limitada a 3%.

O relator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), apresentou um substitutivo ao Projeto de Lei Complementar 234/2024, de autoria de oito parlamentares, com o objetivo de tornar permanentes os benefícios fiscais previstos na Lei de Incentivo ao Esporte (Lei nº 11.438/2006). A proposta transforma a norma atual em uma lei complementar, conferindo maior segurança jurídica e estabilidade às iniciativas desportivas e paradesportivas financiadas por meio de patrocínio ou doação.

Entre os pontos centrais do texto, destaca-se a manutenção dos percentuais de dedução do Imposto de Renda: até 7% para pessoas físicas e até 2% para pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real. Na justificativa, os autores destacam que o esporte é uma cadeia produtiva relevante para o desenvolvimento socioeconômico nacional, sendo essencial garantir previsibilidade e sustentabilidade aos projetos em andamento.

Orlando Silva ressaltou a importância do setor esportivo © Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Acesse e leia o texto na íntegra.

O texto original do PLP 234/24 determinava o mesmo limite de 7% para pessoas físicas, mas para empresas a dedução era de até 2%. Orlando Silva também incluiu na proposta a possibilidade de abatimento de tributos estaduais e municipais para quem apoiar o esporte.

O relator ressaltou que, além de ser importante por incentivar o desenvolvimento do esporte, o projeto deve ser compreendido também do ponto de vista do potencial econômico da indústria esportiva.

“Trata-se de um setor que, além da sua dimensão social e educacional, gera empregos, movimenta cadeias produtivas diversas — como turismo, construção civil, publicidade, vestuário e serviços — e contribui para o desenvolvimento regional e urbano”, explicou Silva.

Benefício temporário

Atualmente, a Lei de Incentivo ao Esporte já permite descontos do Imposto de Renda para quem contribuir com projetos esportivos. No entanto, o benefício é temporário e deveria acabar em 2027. Tanto um dos autores da proposta, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), quanto o relator, Orlando Silva, defendem que tornar o benefício permanente vai dar mais segurança aos empreendedores do esporte e assegurar a continuidade dos projetos.

Além disso, o incentivo hoje é previsto em uma lei ordinária, que pode ser alterada por maioria simples no Congresso, o que equivale à metade dos parlamentares presentes na sessão. O projeto aprovado é de lei complementar, que só pode ser modificada por meio da concordância da maioria absoluta dos congressistas.

Segurança e planejamento

O argumento para a mudança também foi a segurança para os empreendedores esportivos, como afirma Orlando Silva.

“Tornar perene a Lei de Incentivo ao Esporte favorece a segurança jurídica e o planejamento de longo prazo com relação aos projetos beneficiários existentes, os quais, ao fim de cada ciclo de cinco anos, ficam à mercê da extensão do prazo inicialmente concedido, em situação de risco à continuidade e sustentabilidade desses projetos”, explicou o relator.

No caso de projeto desportivo ou paradesportivo voltado à inclusão social, o limite de renúncia fiscal será de 4% do IR para empresas que financiarem os projetos, que devem ser realizados preferencialmente em comunidades em situação de vulnerabilidade social.

De acordo com Orlando Silva, desde 2007, projetos esportivos já receberam mais R$ 6 bilhões por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Somente no passado, segundo disse, mais de R$ 1 bilhão foi repassado ao setor por meio do incentivo tributário.

Mobilização pelo esporte

Os deputados presentes na sessão que votou o projeto ressaltaram a importância da mobilização dos atletas para garantir a aprovação do texto também no plenário da Câmara e depois no Senado. O deputado Felipe Carreras, no entanto, se disse confiante na aprovação. Assim como outros parlamentares, ele destacou que o esporte une diferentes campos ideológicos em torno de uma causa comum.

“É muito difícil a gente assistir o que está assistindo no dia de hoje: o presidente da Comissão Especial é do PL e o relator Orlando Silva é do PCdoB, deputados de lados extremamente opostos, mas a gente vê uma sintonia tão bonita em favor do esporte brasileiro, que tem um papel muito maior do que formar a medalhista, do que formar o campeão — que é a inclusão social através do esporte”, declarou Carreras.

A intenção dos integrantes da comissão é votar o projeto ainda na próxima semana no Plenário da Câmara.

https://www.originaltatamis.com.br/

administrator

Outras Notícias

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *