Em 2021, Tanpz foi o segundo colocado do campeonato x1 El Gato e assegurou vaga para voltar a fase final da competição em 2022 ao lado dos maiores nomes da modalidade
Por Helena Sbrissia e Bárbara Lemos / Global Sports
7 de fevereiro de 2022 / Curitiba (PR)
A cada dia que passa o cenário nacional e internacional de e-Sports cresce, com premiações que ultrapassam milhares de dólares e, em alguns casos, chegam à casa dos milhões. Os e-Sports giram em torno de competições de jogos eletrônicos presenciais ou online por atletas profissionais. E viver exclusivamente de games, que parecia um sonho impossível há mais de uma década, já virou realidade para um extenso número de jovens em todo o planeta.
Nesse ambiente riquíssimo, que movimentou US$ 957,5 milhões em 2019, o Free Fire figura no topo da lista dos mais jogados, com cerca de 50 milhões de usuários ativos todos os dias. Nathan Lopes Abrão, mais conhecido como Tanpz no cenário interno do jogo, persegue o sonho de atuar como pro-player, trabalhando exclusivamente com o Free Fire e buscando independência financeira com essa atividade.
Aos 18 anos, Tanpz já demonstra uma disciplina ímpar em seus treinos diários que, ao contrário do que pensa quem não está acostumado com a prática de e-Sports, exigem muita dedicação, determinação e força de vontade. “Eu acordo, tomo banho, como alguma coisa e parto para o treino, que dura, geralmente, dez horas. Quando estou focado em algum campeonato, esses treinos chegam a ocupar 15 horas, e eu só paro para me alimentar e tomar banho.”
O atleta eletrônico participa de campeonatos de x1 (contra outro jogador), e os treinamentos são sempre feitos com algum amigo, para diversificar o jogo. “Existem outros modos, como o x4, em que se treina com outras sete pessoas, e exercícios específicos, como para aperfeiçoar a mira”, explica Tanpz. Nascido em Cambé, no interior do Paraná, ele revela o suporte que um jogador tem em níveis profissionais, diferente dos encontrados no amadorismo.
“No Free Fire nós temos as Game Houses (GH), que contam com estrutura maior e mais apropriada. Elas dispõem de patrocínio, parcerias com organizações que fornecem equipamentos, salário fixo, contratos para a realização de livestreams, coaches etc. E ainda mantêm psicólogos que ajudam os jogadores a lidarem melhor com a pressão dos campeonatos.”
Em junho de 2021 foi realizado o x1 El Gato, um campeonato de Free Fire no emulador – categoria em que Tanpz atua jogando no computador – que premiaria o vencedor com uma BMW 320i, avaliada em cerca de R$ 100 mil. O atleta eletrônico percorreu um longo caminho para chegar à disputa da final, enfrentando a concorrência de jogadores do Brasil inteiro.
“Eu e um amigo passamos pela peneira e, então, começamos a disputar com outros jogadores convidados. No fim, oito foram classificados para o campeonato que seria disputado em São Paulo presencialmente, grupo do qual fiz parte e fui finalista. Fiquei com o segundo lugar geral entre as melhores figuras do cenário.” Agora, Tanpz vai disputar o campeonato deste ano, que vai valer um Camaro, sem enfrentar a seletiva.
Tanpz conta que sempre lutou sozinho por seus objetivos, tentando não pensar na falta de incentivo por parte da família, algo que o perseguiu em seus primeiros anos de carreira. “Hoje felizmente já mudou um pouco, por conta de eu ter ido viajar, ter levado o meu pai para conhecer a proporção real do nosso segmento. A partir daí ele começou a me compreender e a dar mais valor ao meu esforço. Finalmente posso dizer que toda a minha família me apoia.”
Segundo o atleta eletrônico, vencer a edição de 2022 vai assegurar reconhecimento em nível nacional, o que lhe pode proporcionar um contrato com algum time importante, já que diversos olheiros acompanham as competições em busca de jovens talentos e revelações no e-Sport. “Existem várias ligas no Brasil, como a LBR e a NFA, das quais ainda não posso participar por estar na situação de free agent. Mas espero que isso mude em breve e eu possa alcançar definitivamente um nível maior de competitividade e, consequentemente, melhor desenvolvimento técnico.”