Olimpíadas de Inverno: EUA ameaçam processar envolvidos em doping de russa de 15 anos

Olimpíadas de Inverno: EUA ameaçam processar envolvidos em doping de russa de 15 anos

USADA, a agência antidoping americana, cita lei aprovada em 2020 para levar envolvidos no caso à Justiça. Kamila Valieva, da patinação artística, foi flagrada em exame antes dos Jogos

Fonte GE
11 de fevereiro de 2022 / Curitiba (PR)

Os Estados Unidos estudam processar os russos envolvidos no caso de doping da patinadora artística Kamila Valieva. A possibilidade leva em conta um ato assinado na lei americana, o Ato Americano Rodchenkov (RADA). As informações são do chefe da Agência Antidoping dos EUA (USADA), Travis Tygart, em entrevista à Reuters.

O projeto de lei RADA foi assinado na lei dos EUA em 2020 e autoriza os promotores americanos a buscar multas de até US$ 1 milhão e penas de prisão de até 10 anos. A lei vale mesmo para quem não for americano, mas apenas se as ações afetarem os resultados dos atletas do país.

“O projeto de lei foi usado para proteger as Olimpíadas de Tóquio 2020 e será usado com o mesmo propósito em outros Jogos Olímpicos sempre que necessário. Nós estamos vivendo na zona do crepúsculo, e atletas limpos merecem mais do que isso. Essa pobre jovem também merece mais, porque está sendo mastigada pelo doping, além de abusada pelo sistema estatal russo”, afirmou o dirigente.

A RADA dá às autoridades dos EUA o poder de processar indivíduos por esquemas de doping em eventos internacionais envolvendo atletas, patrocinadores ou emissoras americanas. O ato foi nomeado em homenagem a Grigory Rodchenkov, ex-chefe de laboratório antidoping da Rússia que se tornou denunciante e ajudou a expor o doping patrocinado pelo Estado da Rússia após os Jogos de Inverno de Sochi de 2014.

Após dias de especulação, a Agência Internacional de Testagem (ITA, na sigla em inglês) confirmou na madrugada desta sexta-feira que a patinadora russa Kamila Valieva, de 15 anos, teve um resultado positivo em exame antidoping antes das Olimpíadas de Inverno Pequim 2022. Contudo, a Agência Antidoping da Rússia (RUSADA) retirou a suspensão preventiva da atleta. A ITA, em nome do Comitê Olímpico Internacional (COI), vai recorrer no Conselho Arbitral do Esporte (CAS) contra a decisão.

Valieva testou positivo em 25 de dezembro, em teste feito durante o Campeonato Russo de Patinação Artística. A contraprova feita com a mesma amostra, em 8 de fevereiro, também deu positivo. A agência confirmou que a substância era trimetazidina, medicamento que é usado para tratar angina e outros problemas cardiovasculares. Depois do resultado do dia 8, a agência russa decidiu suspender Valieva provisoriamente, mas voltou atrás depois de uma apelação da atleta. Isso permitiu a Valieva treinar em Pequim.

Se a apelação for acolhida pelo CAS, Kamila e a equipe do Comitê Olímpico Russo (ROC) podem perder a medalha de ouro conquistada na disputa por equipes, no dia 7 de fevereiro, véspera do resultado final do exame. A decisão deve ser tomada até o dia 15, quando Valieva volta a competir.

A possibilidade de processar os russos envolvidos no caso de doping da patinadora leva em conta um ato assinado na lei americana, o Ato Americano Rodchenkov (RADA) © Lintao Zhang / Getty Images

Confira o comunicado oficial emitido pela ITA na íntegra abaixo

Primeiro, a ITA frisa que Kamila Valieva, membro da delegação do Comitê Olímpico Russo (ROC) em Pequim, é menor de idade e, portanto, uma “Pessoa Protegida” sob o Código Mundial Antidoping – esse status se aplica a pessoas abaixo de 16 anos. Por isso, as partes não são sujeitas a divulgação pública obrigatória de seu nome ou de qualquer caso em que possa estar envolvida, e qualquer divulgação pública deve ser proporcional aos fatos e circunstâncias do caso. Vendo que alguns na mídia não garantiram a ela a mesma proteção, e reportaram amplamente baseados em informações não oficiais após o adiamento da cerimônia de medalhas do evento de patinação artística por equipes nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, a ITA reconhece a necessidade de informação oficial devido ao interesse público ampliado.

Para declarar os fatos cronologicamente, uma amostra da atleta foi coletada sob a autoridade de testagens e de gerenciamento de resultados da Agência Antidoping Russa (RUSADA) em 25 de dezembro de 2021, durante o Campeonato Russo de Patinação Artística em São Petersburgo, Rússia. O laboratório credenciado pela WADA em Estocolmo, Suécia, reportou que a amostra retornou um resultado analítico adverso para a substância proibida não especificada trimetazidina (classificada como S4. Moduladores Metabólicos e Hormonais de acordo com a Lista Proibida do Código Mundial Antidoping) em 8 de fevereiro de 2022. Depois disso, a atleta foi suspensa preventivamente pela RUSADA com efeito imediato. 

Nos termos do Artigo 15 das Regras Antidoping do COI aplicáveis aos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, a decisão da RUSADA de impor uma suspensão preventiva automaticamente proíbe a atleta de participar de todos os esportes durante a suspensão preventiva, incluindo os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022.

Já que a amostra foi coletada pela RUSADA antes dos Jogos de Inverno, este caso não está sob a jurisdição do COI e, portanto, não é gerenciado diretamente pela ITA. Em acordo com as Regras Antidoping do COI, a ITA imediatamente informou à atleta que a suspensão preventiva imposta pela RUSADA é vinculativa ao COI e a atleta está impedida de competir, treinar, orientar ou participar em qualquer atividade durante os Jogos Olímpicos de Inverno. 

Devido ao fato de este não ser um caso sob a autoridade do COI e levando em conta seu status mencionado acima como “pessoa protegida”, a ITA se absteve de divulgar publicamente o caso seguindo a notificação para proteger a identidade da atleta como uma menor e para garantir que todas as medidas necessárias para sua segurança física e mental pudessem ser implementadas. Tudo enquanto os devidos processos legais eram iniciados.

A atleta apelou a imposição da suspensão preventiva ante o Comitê Disciplinar Antidoping da RUSADA em 9 de fevereiro de 2022 e uma audiência aconteceu no mesmo dia. Na noite de 9 de fevereiro de 2022, o Comitê Disciplinar Antidoping da RUSADA decidiu retirar a suspensão preventiva da atleta, assim permitindo que ela continuasse sua participação nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022. A decisão fundamentada, incluindo as bases para a retirada da suspensão preventiva, serão divulgadas em breve a todas as partes implicadas.

Sob o Código Mundial Antidoping, a Agência Mundial Antidoping (WADA), a União Internacional de Patinação (ISU), RUSADA e o COI têm o direito de apelar a decisão de retirar a suspensão preventiva ante o Conselho Arbitral do Esporte (CAS). O COI vai exercer seu direito de apelar e não esperar a decisão fundamentada da RUSADA, porque uma decisão é necessária antes da próxima competição de que a atleta deve participar (patinação individual feminina, em 15 de fevereiro de 2022).

Os procedimentos sobre os méritos da aparente violação de regra antidoping, incluindo o direito da atleta de requerer análise da contraprova, será procurada pela RUSADA no devido curso. A decisão sobre os resultados da equipe do ROC no evento de patinação artística por equipes só pode ser tomada pela ISU após uma decisão final sobre todos os méritos do caso ser tomada. O procedimento, que está correntemente iniciado, só pode cobrir a suspensão preventiva. Dado que o processo legal para este caso não está concluído, a ITA não vai dar nenhum comentário adicional. Qualquer nova informação sobre o caso será emitida em comunicado público.

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