Essa é a quarta edição das Paralimpíadas que Phelipe participa. Ele subiu ao pódio em todas elas
Fonte Bruna Campos e Renato Peters / GE e Terra
26 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)
Phelipe Rodrigues conquistou a terceira medalha do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio, todas elas na natação e nessa quarta-feira (25), o primeiro dia de eventos no Japão. O atleta de 31 anos ficou com o bronze na final dos 50m livre da classe S10, para portadores de deficiência física que têm maior funcionalidade.
A medalha é a oitava da carreira de Phelipe, que está em sua quarta Paralimpíada, sempre nadando na classe S10. Ele já tinha cinco pratas e dois bronzes no currículo, incluindo duas pratas nos 50m livre, prova em que agora foi ao pódio pela terceira vez. Contudo, foi a primeira vez com uma estratégia inusitada na natação. Para focar apenas na borda oposta da piscina e não se distrair com os rivais, o atleta colocou fita isolante na lateral dos óculos para os Jogos de Tóquio.
“Uma das estratégias que mais adotei foi treinar para competir comigo mesmo. Tanto que chegando aqui em Tóquio comecei a usar uma estratégia diferenciada de não olhar para os lados, mas você acaba vendo o reflexo, então coloquei uma fita isolante da metade dos óculos para fora para que eu pudesse olhar a linha branca, para eu não ficar ansioso durante a prova. Isso ajudou. Realmente quando pulei na água eu não via nada, só via a linha branca, que era o que eu tinha de fazer. Foi exatamente o que treinei. O cenário internacional está muito forte. Estamos em um cenário bom”, disse o nadador.
Na final em Tóquio, a disputa teve como protagonistas três atletas que também estiveram na final olímpica do Rio, em 2016. O ouro acabou com o australiano Rowan Crothers, que havia ficado em sexto no Brasil e conquistou sua primeira medalha de ouro com 23s21.
“Até me emociono. Quatro Paralimpíadas e pódio em todas elas. É um sentimento de conquista por todo suor e sacrifício na piscina de treino. O último ano e meio foi bem difícil, não só para mim, claro, mas para todo mundo. Eu só queria uma medalha. Claro que um ouro paralímpico é o que faltava, mas mais uma medalha em um campeonato representando o Brasil é uma coisa surreal, ainda mais depois de 12, 13 anos de competições.”
Campeão olímpico no Rio, o ucraniano Maksym Krypak faturou a prata com 23s33, apenas 0s12 atrás do vencedor. E Phelipe, que vinha de prata em 2016, dessa vez ficou com o bronze, com 23s50, a 0s29 do ouro. Destaque dessa classe em um passado recente, André Brasil passou por reclassificação funcional antes de Tóquio e deixou de ser elegível para o movimento paralímpico.
“Do meu ponto de vista, o esporte de alto rendimento continuou na crescente. Dá para ver pelo resultado. Com o tempo que fiz no Rio, talvez eu ficasse fora do pódio. Mesmo com todas as dificuldades, todo mundo se manteve treinando em alto nível. Não teve torcida, mas a gente sabia o que iria enfrentar. Como nós não estávamos competindo internacionalmente, não tinha mais esse tato de competir com pessoas fortes. Eu sempre competia com o André Brasil, só que agora não estamos mais competindo juntos, então não tenho mais esse sentimento de competir forte dentro do Brasil.”
Phelipe ainda vai em busca de pelo menos mais duas medalhas em Tóquio, já que ele aparece inscrito para participar dos 100m livre e dos 100m borboleta. Ele é pernambucano de Recife e nasceu com o pé torto congênito. Passou por algumas cirurgias para a correção e começou a ter aulas de natação como forma de reabilitação. Só aos 17 anos passou a competir no esporte paralímpico e, em menos de seis meses, já estava disputando os Jogos de Pequim, em 2008, e conquistando suas primeiras duas pratas paralímpicas.