Joe Biden impõe sanções ao Comitê Olímpico da Bielorrússia em repúdio a políticas antidemocráticas do governo

Joe Biden impõe sanções ao Comitê Olímpico da Bielorrússia em repúdio a políticas antidemocráticas do governo

A entidade é acusada de ter grande envolvimento com o governo ditatorial de Alexander Lukashenko, já que é comandada por Viktor Lukashenko, filho do governante

Por Helena Sbrissia / Global Sports
15 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)

Após diversas polêmicas envolvendo a antiga república soviética antes e durante os Jogos Olímpicos, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden assinou na segunda-feira (9) uma ordem executiva impondo sanções ao Comitê Olímpico da República da Bielorrússia (NOCRB) e ao governo de Alexander Lukashenko de maneira geral. O motivo são os contínuos ataques às aspirações diplomáticas e aos direitos humanos do povo daquele país.

A ordem executiva emitida pelo Departamento de Tesouro dos Estados Unidos impõe o maior número já visto de sanções contra indivíduos e entidades do país do Leste Europeu. Entre as diversas ações atribuídas ao governo bielorrusso inclui-se a tentativa de repatriamento forçado da atleta Krystsina Tsimanouskaya, uma corredora de 24 anos, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio.

A ordem emitida pelo Departamento de Tesouro dos Estados Unidos impõe o maior número já visto de sanções contra indivíduos e entidades do país do Leste Europeu © Getty Images

Polêmicas envolvendo o NOCRB

O NOCRB é acusado de facilitar a lavagem de dinheiro, a evasão de sanções e contornar a proibição de vistos. Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) repreendeu publicamente a entidade por não proteger seus atletas das políticas discriminatórias e repressivas do governo.

Tanto cidadãos norte-americanos quanto empresas sediadas no país estão terminantemente proibidos de fazer qualquer transação com o NOCRB, já que, segundo o governo dos Estados Unidos, o órgão é controlado diretamente pelo governante. Em março, o COI se recusou a reconhecer a eleição de Viktor, filho de Alexander, como presidente do comitê olímpico do país.

Pai, filho e Dmitry Baskov, membro do NOCRB, foram proibidos de participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio em dezembro de 2020 após diversas alegações de discriminações políticas contra atletas devido a protestos antigovernamentais feitos em agosto de 2020, logo após a eleição de Lukashenko à presidência do país.

Como medida provisória, determinou-se que seriam suspensos todos os pagamentos ao NOCRB, com exceção das bolsas que os atletas receberam nos preparativos da seleção bielorrussa para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Segundo o COI, também foi solicitado que o comitê e suas federações garantissem que os atletas não fossem discriminados politicamente durante os eventos de qualificação e seleção final para a equipe que integraria a delegação.

A corredora bielorrussa Krystsina Tsimanouskaya recebeu visto humanitário da Polônia © Getty Images

Para a NOCRB as sanções impostas pelos Estados Unidos são “completamente absurdas” e “a presunção de inocência, o direito a um julgamento justo e outros princípios legais básicos de igualdade foram relegados a segundo plano por razões políticas, o que é absolutamente ridículo”.

Ao dirigir as últimas sanções às instituições-chave do país europeu e aos apoiadores de Lukashenko, como o NOCRB, o governo norte-americano e Joe Biden estão “cumprindo sua promessa de responsabilizar o governo bielorrusso por seus abusos”, segundo um funcionário da Casa Branca. As imposições do governo norte-americano também atingem outros setores, incluindo o de energia, de defesa, de segurança e algumas empresas, como a Belaruskali OAO, uma das maiores produtoras de potássio do mundo.

O drama político da atleta de Belarus

Os olhos do mundo voltaram-se para a Bielorrússia novamente quando a estreante da competição Krystsina Tsimanouskaya viu seu sonho olímpico tornar-se pesadelo. Integrantes da delegação bielorrussa levaram-na à força para o aeroporto e tentaram embarcá-la de volta ao seu país depois de ela criticar publicamente seus treinadores, que a inscreveram na prova de revezamento 4x400m sem consultá-la.

Ela, que correu na prova de 100m, foi impedida de disputar os 200m após ser retirada da delegação do país, que pediu, imediatamente, a extradição da atleta sob a justificativa de que ela estava tomada por um “estado emocional e psicológico”. Ela chegou a publicar um vídeo de desabafo nas redes sociais.

A Bielorrússia foi tomada por diversos protestos contra Alexander Lukashenko, acusado de vencer eleição fraudulenta no ano passado © Getty Images

“Tenho medo de ser presa na Bielorrússia. Não tenho medo de ser despedida ou expulsa da seleção nacional. Preocupo-me com minha segurança. Eu estou pedindo ajuda ao Comitê Olímpico Internacional, pois estão tentando me tirar do país sem o meu consentimento”, disse Krystsina na ocasião.

Foi então que ela se recusou a deixar o Japão, recorrendo às autoridades presentes no aeroporto. A partir daí, o COI e o Comitê Organizador de Tóquio 2020 abriram um inquérito visando a investigar o caso detalhadamente, e expulsaram da Vila Olímpica o técnico e o dirigente que entraram em conflito com Krystsina.

Hoje, ela encontra-se na Polônia, onde recebeu asilo humanitário. Em entrevista junto com o marido à agência Associated Press, ela comentou: “A vida mudou em um dia e agora estamos começando do zero em novo país. Estamos planejando ficar na Polônia e continuar nossas carreiras aqui. Recorremos ao Ministério de Esportes e à seleção polonesa de atletismo buscando encontrar um grupo e um local onde possamos treinar e prosseguir nossa carreira. Estamos definitivamente seguros agora porque estamos sob proteção.”

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