O Akasaka Excel Hotel definiu o uso de elevadores “apenas para japoneses” e “apenas para estrangeiros” por causa de medidas restritivas definidas pelo comitê olímpico
Por Helena Sbrissia / Global Sports
14 de julho de 2021 / Curitiba (PR)
Na segunda-feira (12), Tóquio entrou, mais uma vez, em estado de emergência devido à pandemia da covid-19. Faltando menos de duas semanas para o início dos Jogos Olímpicos, a saúde dos atletas e do corpo administrativo da competição é a maior preocupação de todo o comitê organizador, que vem atualizando as medidas protetivas dia após dia para garantir a segurança de todos.
Enquanto os espectadores estrangeiros já estão banidos de Tóquio 2020 há meses, os organizadores anunciaram, na semana passada, que nem mesmo os fãs de esporte locais poderão comparecer aos estádios para assistir às competições. A decisão foi tomada após um longo debate, em que ingressos foram distribuídos e recolhidos.
As autoridades locais fazem pedidos expressos para que a população residente do Japão permaneça em suas casas durante a realização dos Jogos Olímpicos para que não haja um novo surto do coronavírus no país. O objetivo é garantir a movimentação mínima de pessoas para que, assim, o contágio seja reduzido.
O estado de emergência está previsto para acabar no dia 22 de agosto, isto é, dois dias antes do início dos Jogos Paralímpicos. Desde o começo da pandemia o Japão já teve 823 mil casos de covid-19, totalizando quase 15 mil mortes.
Além dos números elevados, a vacinação é considerada lenta. Até o dia 11 de julho, apenas 18% da população tinham sido completamente imunizados, enquanto cerca de 30% receberam pelo menos a primeira dose. As restrições impostas pelo governo japonês incluem medidas para que os restaurantes fechem mais cedo (às 20 horas) e parem de servir bebidas alcoólicas, o que garantiria um subsídio do governo.
Enquanto isso, os negócios geridos pelos japoneses parecem enfrentar uma crise iminente. Nesta semana, um hotel de luxo em Tóquio recebeu críticas nas redes sociais por causa de uma placa que indicava que alguns elevadores deveriam ser utilizados “apenas por japoneses” e outros “apenas por estrangeiros”. Segundo a administração do local, essa medida era uma precaução contra a covid-19.
De acordo com um funcionário do Akasaka Excel, a tentativa foi para que o aviso ficasse mais fácil de ser entendido, e não um ato de discriminação contra estrangeiros. As sinalizações já foram substituídas e a gerência informou que há um esforço coletivo no momento para definir avisos mais adequados.
O corpo administrativo do Akasaka Excel informou, ainda, que as sinalizações não passaram de uma tentativa de cumprimento de orientações dadas pelo próprio comitê olímpico, que é para que locais públicos garantam a circulação de convidados relacionados aos jogos separadamente dos outros hóspedes.
Nas redes sociais, o assunto gerou burburinho, principalmente no Twitter. Alguns usuários compararam o episódio ao apartheid e à lei Jim Crow, que mantinha os negros proibidos de votar no Sul dos Estados Unidos.