Príncipe Feisal: nova liderança para o Comitê Olímpico Internacional baseada no consenso

Príncipe Feisal: nova liderança para o Comitê Olímpico Internacional baseada no consenso

Formado pela London Business School, onde concluiu o mestrado em Administração em 1998, o príncipe jordaniano se apresenta como alternativa inovadora para liderar o futuro do Movimento Olímpico Internacional.

Por Raúl Daffunchio Picazo / Inside The Games
2 de fevereiro de 2025 / Curitiba, PR

O Príncipe Feisal Al Hussein compartilhou sua visão para o futuro do movimento olímpico e ressaltou a necessidade de maior inclusão e transparência no Comitê Olímpico Internacional (COI) durante uma mesa redonda com jornalistas internacionais em Londres, evento ao qual o Inside The Games teve acesso.

A eleição para substituir o presidente Thomas Bach está se aproximando e, neste momento decisivo, diversos candidatos apresentam suas propostas, buscando convencer o mundo e os membros votantes sobre como seria o futuro do COI sob sua liderança.

Entre os concorrentes está Sua Alteza Real Feisal Al Hussein, o candidato jordaniano de 61 anos, que disputará o cargo com um grupo diversificado de figuras políticas e esportivas de renome internacional.

Entre seus adversários estão Morinori Watanabe, do Japão, presidente da Federação Internacional de Ginástica (FIG); Sebastian Coe, presidente da World Athletics, do Reino Unido; David Lappartient, da França, presidente da União Ciclística Internacional; Juan Antonio Samaranch Jr., da Espanha, vice-presidente do COI; a ex-nadadora olímpica e ex-ministra dos Esportes do Zimbábue, Kirsty Coventry; e Johan Eliasch, presidente da Federação Internacional de Esqui, membro do COI britânico, nascido na Suécia.

“O COI deve ser um líder global em integridade e transparência. Não fizemos o suficiente para nos conectar com as gerações mais jovens.”

Todos os candidatos enfrentam um momento crucial em suas carreiras políticas e esportivas, disputando a presidência do COI. Cada um apresentará seus programas aos membros da entidade no dia 30 de janeiro de 2025, em Lausanne, Suíça, antes das eleições, que ocorrerão durante a 144ª Sessão do COI, de 18 a 21 de março de 2025, na Grécia.

Visão de Feisal para o futuro do COI

Poucas horas antes de sua apresentação oficial, o Príncipe Feisal participou de uma mesa redonda em Knightsbridge, Londres, onde discursou para um grupo de jornalistas internacionais. Embora formal, a reunião teve o propósito de compartilhar sua visão e reforçar os princípios centrais de sua candidatura, antes do pleito que definirá o próximo líder do COI.

Com um tom austero, Feisal destacou diálogo, consenso e transparência como pilares estratégicos fundamentais para o futuro da entidade. Desde o início de sua fala, enfatizou a necessidade de restaurar a confiança na organização. “O COI deve ser um líder global em integridade e transparência. Não fizemos o suficiente para nos conectar com as gerações mais jovens”, disse o candidato.

Príncipe Feisal e Shedaine Henry © Getty Images

Atualmente membro do Comitê Executivo do COI (2019-2023, reeleito em 2023), Feisal reconhece que a disputa pela presidência será altamente competitiva, especialmente enfrentando seis rivais em um contexto onde a influência política europeia tem predominado historicamente. “Dos últimos nove presidentes do COI, oito foram europeus e apenas um era americano. Chegou o momento de uma perspectiva verdadeiramente global.”

O único presidente não europeu do Comitê Olímpico Internacional (COI), mencionado pelo Príncipe Feisal, foi Avery Brundage, norte-americano que esteve à frente da organização entre 1952 e 1972.

Com formação acadêmica nos Estados Unidos – onde obteve o bacharelado em Ciências e Engenharia Eletrônica, com especialização em Comunicações – e raízes culturais profundas no Oriente Médio, Feisal acredita que sua trajetória o credencia a atuar como uma ponte entre Oriente e Ocidente, além de Norte e Sul globais.

Diante de um cenário geopolítico desafiador, ele se vê como um elo cultural capaz de unir diferentes visões políticas e ideológicas, promovendo diálogo e compreensão mútua dentro do COI.

Inclusão e consenso: a chave para um novo COI

A inclusão e o consenso também foram temas centrais no discurso de Feisal. Ele criticou a tendência do COI de tomar decisões de forma verticalizada, sem a participação ativa de seus membros. “Os membros do COI ingressaram nesta organização para contribuir com seu desenvolvimento. Meu plano é oferecer a eles muito mais oportunidades para isso. Não deve existir um monopólio das boas ideias.”

Com essa abordagem, Feisal busca reestruturar a governança do COI, promovendo um ambiente mais participativo e transparente, onde todos os membros tenham voz ativa na definição dos rumos da entidade.

Liderança compartilhada e o poder do esporte

Com ampla experiência na administração esportiva e ex-membro da Força Aérea da Jordânia, o Príncipe Feisal destacou o valor da liderança compartilhada. “O serviço militar me ensinou disciplina, liderança e camaradagem. Servimos para o bem comum. Esse mesmo princípio deve guiar o COI.”

https://www.sicoob.com.br/web/sicoobcentralscrs

O candidato também ressaltou o papel do esporte como ferramenta de paz, enfatizando que seu impacto vai muito além da competição. “O movimento olímpico é a maior iniciativa de paz do mundo. O esporte não resolverá todos os problemas, mas pode ser um poderoso unificador.”

Transparência no processo eleitoral

Feisal também abordou o próprio processo eleitoral do COI, apontando a necessidade de maior transparência. Sem hesitar, ele criticou o atual modelo de eleição, classificando-o como “opaco”, e defendeu mudanças que reforcem a credibilidade da entidade. “Precisamos ser mais acessíveis e transparentes. Se queremos inspirar confiança, devemos agir de acordo com nossas palavras.”

Questões geopolíticas: Rússia e Palestina no esporte

Um dos temas mais delicados da conversa foi a possível reintegração da Rússia ao COI e a situação dos atletas palestinos no esporte internacional. Feisal insistiu que qualquer decisão precisa respeitar os princípios da Carta Olímpica. “A Carta Olímpica é o que me guia. Se a Rússia respeitar suas diretrizes, não há motivo para sanções.”

Já em relação aos atletas palestinos, ele afirmou que o COI deve ter um papel mais ativo na garantia de igualdade de condições para todos os competidores. “Devemos assegurar que todos os atletas tenham as mesmas oportunidades e acesso ao esporte, independentemente das circunstâncias políticas.”

Parceria com federações nacionais e a mídia

Sobre a relação com federações esportivas e a imprensa, Feisal enfatizou a importância da cooperação mútua. “As federações nacionais são a base do Movimento Olímpico. Precisamos trabalhar juntos para superar os desafios do futuro.”

Candidato a presidente do COI, Príncipe Feisal Al Hussein © Getty Images

Quanto à mídia, ele reforçou que a transparência deve ser um compromisso permanente do COI. “O Comitê Olímpico Internacional não deve temer as análises e avaliações da imprensa, mas aceitá-las como parte de sua responsabilidade.”

Novo estilo de liderança

Feisal também defendeu a necessidade de uma liderança mais inclusiva no COI e fez uma analogia. “O presidente do COI é como o capitão de um navio. Eu posso liderar, mas preciso ouvir minha tripulação.”

Com essa declaração, ele sugeriu uma abordagem mais colaborativa, sem mencionar diretamente o atual presidente, Thomas Bach, mas deixando claro que pretende adotar um estilo de gestão diferente.

Seu plano de governança propõe um COI mais participativo, no qual as decisões sejam tomadas considerando a visão coletiva dos membros, e não apenas sob uma direção centralizada.

Compromisso com a mudança

Ciente dos desafios que o esporte global enfrenta, Feisal reforçou sua dedicação à inclusão, transparência e governança colaborativa. “Se você tem a chance de mudar o mundo para melhor, esse se torna seu dever. É por isso que estou aqui.”

Formado pela London Business School, onde em 1998 concluiu o mestrado em Administração, o príncipe jordaniano apresenta sua candidatura como uma alternativa inovadora para o futuro do Movimento Olímpico Internacional.

https://www.originaltatamis.com.br/

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