Brasileiro chegou a estar vencendo o chinês Liang Jingkun por 3 a 0, com ótima atuação, mas permitiu a virada e adiou o sonho do primeiro pódio
Por Nelson Ayres (Fato&Ação) Assessoria de Imprensa CBTM
28 de novembro de 2021 / Curitiba (PR)
O carioca Hugo Calderano esteve perto de escrever a mais importante página da história do tênis de mesa brasileiro no início da madrugada deste domingo (28), no Mundial dos Estados Unidos. Nas quartas de final do torneio individual masculino, no George R. Brown Convention Center, em Houston, o número 4 do mundo chegou a estar vencendo o chinês Liang Jingkun, nono do ranking mundial, por 3 a 0, mas permitiu a virada para 4 a 3 (11/8, 14/12, 11/8, 8/11, 4/11, 8/11 e 8/11) e adiou o sonho da primeira medalha de um brasileiro em Mundiais Adultos.
Esta, porém, foi a melhor campanha de um brasileiro em Campeonatos Mundiais Adultos desde 1926, na sua primeira edição. Ficou de positivo o jogo cada vez mais consistente do principal nome da modalidade. E tudo leva a crer que as principais medalhas do tênis de mesa possam estar na sua galeria de conquistas em breve.
O duelo contra Liang Jigkun foi disputado em altíssimo nível. Confiante e muito agressivo em todas as ações, Hugo Calderano dominou o primeiro set desde o início e conseguiu a vitória por 11 a 8.
A intensidade da partida continuou alta na segunda parcial, com o brasileiro dificultando demais a recepção do chinês. Por sua vez, Jingkun levava vantagem quando conseguia afastar Calderano da mesa e chegou a abrir três pontos de frente. O brasileiro buscou o empate e conseguiu a virada em 14 a 12.
Se a confiança já era alta no início do jogo, no terceiro set ela alcançou um nível nunca visto antes em sua carreira. Calderano abriu 4 a 1 e deixava o chinês paralisado, sorrindo incrédulo na mesa, sem entender o que estava acontecendo e vendo suas alternativas de reação se reduzirem.
Mesmo assim, Jingkun foi atrás do empate e chegou a virar. Um erro de saque empatando novamente o confronto em 8 a 8 fez com que o técnico chinês parasse o jogo para um tempo técnico. De nada adiantou. Calderano conseguiu uma sequência de três pontos consecutivos e fechou mais uma vez.
Ganhar de 4 a 0 de um dos principais chineses do circuito mundial seria a cereja do bolo. Para isso, o brasileiro teria de mostrar o seu poder de recuperação no quarto set, quando iniciou perdendo por 5 a 0. Logo ele virou para 6 a 5. Calderano viu novamente o chinês abrir, tendo três set points a seu favor. Evitou um, mas não conseguiu encerrar a partida ali.
A vitória era uma questão de tempo antes, mas a classificação começou a ter ares de pesadelo no quinto set. Nada deu certo para o mesa-tenista do Brasil, que chegou a ter 8 a 1 contra no placar e foi superado com a certa tranquilidade. Jingkun continuou dominando as ações no sexto set e levou o jogo para o tie-break.
O momento do jogo agora era do chinês, que abriu 3 a 0 no set desempate e vibrava demais a cada ponto conquistado. O técnico Jean-René Mounié parou a partida, tentando salvar o que parecia inevitável. Jingkun seguiu abrindo, o brasileiro ainda reagiu, mas não conseguiu evitar a derrota.
Temporada positiva
Além de realizar a grande campanha no Mundial dos Estados Unidos, Calderano também alcançou neste ano as quartas de final do torneio individual dos Jogos Olímpicos de Tóquio, novamente um feito inédito. E ajudou o time brasileiro a chegar na mesma fase do torneio de equipes da Olimpíada, mais uma marca histórica.
Recentemente, o brasileiro se tornou o atleta das Américas com a melhor marca no ranking mundial em todos os tempos, igualando o norte-americano Sol Schiff, considerado o número 4 do mundo na temporada de 1938, e atingindo, portanto, um patamar que não era conquistado por atletas do continente há 83 anos.
O próximo desafio já acontece no dia 4 de dezembro no WTT Cup Finals, reunindo apenas os 12 principais mesa-tenistas do mundo, em Singapura.