A entidade mundial alega que a decisão da LEN foi motivada por razões exclusivamente políticas, e com base nisso nega reconhecer a suspensão
Fonte Michael Houston / Inside the Games
16 de novembro de 2021 / Curitiba (PR)
Esta semana a Federação Internacional de Natação (FINA) recusou-se a reconhecer as suspensões recebidas pelas federações croata e portuguesa de natação, entidades filiadas à Liga Europeia de Natação (LEN). Foi decidido que os afastamentos seriam feitos com o apoio de seis pareceres jurídicos independentes e fundamentados em três critérios.
Segundo a FINA, a LEN não seguiu o devido processo legal e as ações tomadas foram “claramente motivadas por razões políticas e por interesses próprios, indo contra o éthos da nova liderança da FINA, que é fundamentado na inclusão, igualdade, integridade e democracia.” No dia 6 de novembro a LEN havia suspendido ambas as associações por um ano, logo após ambas entidades assinarem uma carta que pedia a renúncia da liderança atual da entidade europeia.
“Com a determinação da FINA, as federações de Portugal e da Croácia devem manter todos os direitos de filiação à LEN, incluindo o direito de participar da votação do próximo Congresso Extraordinário Eletivo que acontecerá em Frankfurt, na Alemanha, que será realizado no dia 5 de fevereiro de 2022, e também do Congresso Extraordinário da FINA, que será realizado em 18 de dezembro de 2021, em Abu Dhabi”, alegou a FINA em comunicado oficial.
Paolo Barelli é o atual presidente da Liga Europeia de Natação, e, na carta que, segundo a FINA, serviu de motivação política para a suspensão das duas federações europeias, os representantes acusavam o regime de Barelli de irregularidades financeiras, essas que levaram a um voto de desconfiança no congresso da LEN realizado em setembro.
Na última eleição para a presidência da LEN, Barelli foi reeleito para o terceiro mandato por 86 votos a 13, mas entrou em decadência com a maioria dos membros da entidade por causa da falta de transparência e comunicação com a FINA, questões essas que foram levadas ao congresso supracitado.
David Sparkes, secretário geral da LEN, emitiu uma carta em resposta, informando que os membros deveriam ignorar a nota emitida pela Europe 4 All Aquatics – o grupo de nações que se colocou em oposição à entidade europeia, que é liderado por António José Silva, da Federação Portuguesa de Natação, e por Josip Vardovic, da federação croata.
A LEN determinou que a utilização do logotipo foi uma violação da constituição da entidade, e por isso a decisão de suspender os dois países foi tomada. O Congresso Eletivo Extraordinário em Frankfurt foi desencadeado devido a um voto de censura, o que significa que os membros europeus poderão votar na posição de Barelli enquanto presidente.
Essa disputa segue desde março deste ano, quando a polícia da Suíça apreendeu documentos durante uma operação nos escritórios da LEN em Nyon, como parte de uma investigação em andamento sobre supostas irregularidades financeiras e condutas inadequadas contra funcionários.
Barelli e Sparkes já ocupavam seus cargos na época dos supostos eventos. Tamás Gyárfás, que já foi o chefe da Federação Húngara de Natação, era o tesoureiro da LEN na época. Os três foram denunciados às autoridades europeias em 2020 por terem autorizado pagamentos de seis dígitos a empresas terceirizadas durante um período de cinco anos. Os acusados, contudo, negam as irregularidades.