Num ano excepcional para a ginástica rítmica brasileira, Bárbara Domingos ganha destaque e faz história por suas importantes conquistas, mas sem descuidar do equilíbrio emocional.
Por Paulo Pinto e Bárbara Lemos / Global Sports
28 de setembro de 2023 / Curitiba (PR)
Bárbara Domingos, a Babi, garantiu vaga nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 ao conquistar a 14ª posição na categoria individual geral do Mundial de Ginástica Rítmica, em Valência, na Espanha. Talento reconhecido desde a infância, a bolsista do programa Geração Olímpica e Paralímpica do governo paranaense atrai elogios de toda a parte, desde a presidente da Federação Paranaense de Ginástica (FPRG), Márcia Aversani, ao secretário estadual do Esporte Hélio Wirbiski.
Embora na ginástica artística brasileira o desfile de campeões seja quase rotina, nunca a ginástica rítmica havia ido tão longe e tinha ocupado tanto espaço sob os holofotes quanto agora. Entretanto, para a atleta que aos 23 anos já acumula quase 18 de treinos e competições, não basta cuidar da boa forma física. Na medida em que seu poderio cresce e sua exposição na mídia extrapola fronteiras, aumenta a pressão sobre a vida pessoal, os estudos e as relações domésticas.
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Babi, que defende o Clube Agir e treina com a técnica Márcia Naves desde sempre, reconhece que o treinamento de alto rendimento em si é muito puxado e que é preciso estar preparada para isso. “Há também os riscos de lesão, sobrecarga de esforço, e o aspecto psicológico, que precisa ser muito bem tratado.” E a atleta paranaense não descuidou dessa parte.
Desde 2019 ela conta com o apoio do professor Gilberto Gaertner, profissional especialista em esporte e que detém os títulos de campeão olímpico e mundial como psicólogo da seleção brasileira de vôlei. “A preparação mental é muito séria, ainda mais quando estamos em competições muito importantes. Se não tivermos um equilíbrio emocional muito bom, se não contarmos com a ajuda dos melhores profissionais da parte psicológica, não conseguimos atingir o rendimento máximo”, reconhece Babi.
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Desde criança as medalhas fazem parte da vida da atleta. Mas foi aos 15 ou 16 anos, na categoria adulta, que os bons resultados realmente começaram a despontar. Em 2019 foi a brasileira a ter a melhor colocação (36º lugar) num mundial. Depois de bater vários recordes, em 2021 foi finalista mundial e 2023 já coleciona medalhas em copa do mundo e no campeonato mundial, no qual foi finalista por aparelho e geral e conquistou a vaga olímpica.
“No início foi um pouco difícil equilibrar treinos e vida fora da ginástica, mas hoje em dia eu consigo conciliar bem”, conta Babi. “Às vezes, infelizmente, a gente tem de abdicar de algumas coisas, mas acredito que dou conta, inclusive dos estudos, agora que estou na faculdade.”
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As conquistas de Babi neste ano não impactaram apenas a carreira da atleta, mas também toda a ginástica rítmica brasileira, cuja seleção nunca havia registrado tantas conquistas. “Os resultados deste ano causaram um impacto gigantesco e muito positivo. Isso para a gente é extremamente importante para seguirmos focados e perseguindo nossas metas e objetivos.”
A expectativa de Babi é grande em relação ao Jogos Pan-Americanos que se realizam em outubro, no Chile. Mas a pressão é menor. “Depois de assegurar a vaga olímpica no mundial ficamos bem mais seguros. Vou dar o meu melhor e o resultado será consequência, mas será uma competição um pouco mais leve.”
Já para Paris 2024 a história é outra. “Minha meta com certeza é estar entre no top 10. Vamos trabalhar para isso. Se no mundial, com tantas ginastas, eu fiquei em 11º, acredito que é possível sim ficar entre as dez primeiras nas olimpíadas. O importante é representar o Brasil da melhor forma possível.”
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A trajetória de Babi até agora não deixa margem para dúvidas quanto a suas possibilidades. Sua carreira registra diversos títulos notáveis, como o Campeonato Sul-Americano, em 2018, e o Campeonato Brasileiro, em 2019. A atleta já representou o Brasil em várias competições internacionais, como o Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica de 2021, em Kitakytushu, no Japão, ao se tornar a primeira brasileira a chegar à final individual. Foi também a primeira ginasta do Brasil a obter medalha numa Copa do Mundo, em Sofia, na Bulgária.
Seu currículo inclui ainda seis medalhas (quatro ouros, uma prata e um bronze) no Campeonato Sul-Americano de Ginástica Rítmica de 2022 em Paipa, na Colômbia, entre outras conquistas importantes.
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Na etapa da Copa do Mundo de Sofia de 2023, na Bulgária, Babi abriu sua temporada conquistando uma vaga na final, a primeira na história do Brasil em uma prova individual em uma competição deste nível. O resultado já seria excelente por si só. Mas na grande decisão da fita, ela ainda levou a medalha de bronze, se tornando a primeira atleta da América Latina a subir ao pódio neste tipo de torneio.
Dias depois, a curitibana voltou a competir, desta vez, no Grand Prix de Thiais, na França, e fez bonito novamente: conquistou o ouro na fita e garantiu a primeira medalha do Brasil em um GP da modalidade. Agora, Babi inicia a reta final do ciclo de Paris 2024 como protagonista, tendo a sua primeira participação em Jogos Olímpicos.