A forças das pernas refletem na longevidade ativa

A forças das pernas refletem na longevidade ativa

Segundo a revista americana Prevention, entre os sinais de longevidade, os músculos das pernas fortes estão no topo da lista, como os mais importantes e essenciais

Por Marcio Atalla / O Globo
13 de fevereiro de 2023 / Curitiba (PR)

Nunca se falou tanto da importância dos músculos e sua força como um marcador de saúde e de autonomia para longevidade ativa. E os músculos das pernas são ainda os mais importantes nesse processo.

Todos os movimentos do nosso corpo são realizados pelas contrações musculares que fazemos, logo, quem tem pouca musculatura tem também músculos mais fracos, o que acarretará em maior dificuldade para exercer funções do dia a dia, como caminhar, carregar sacolas, subir escadas, dar um “pique” pra atravessar uma rua…

Muitos estudos já constataram que a baixa quantidade de massa muscular está relacionada a uma vida mais curta e uma velhice com doenças. Até mesmo a capacidade funcional e cognitiva, é afetada com a falta da músculos das pernas! Um estudo feito pelo King’s College de Londres, mostrou que as pernas, que reúnem o maior grupo muscular no corpo humano, tem grande responsabilidade em manter as funções cognitivas. O estudo contou com 324 mulheres gêmeas, com idade média de 55 anos. Elas foram acompanhadas durante 10 anos e suas capacidades de aprendizado e memória foram testadas regularmente. Uma década depois, a gêmea que tinha mais força nas pernas no início do estudo teve melhores resultados e sofreu menos perda cognitiva associada ao avanço da idade que sua irmã.

Segundo a revista americana Prevention, entre os sinais de longevidade, os músculos das pernas fortes estão no topo da lista, como os mais importantes e essenciais. Não é pra menos que as panturrilhas são consideradas uma espécie de “segundo coração” do nosso corpo. É por meio da contração e do relaxamento desses músculos que o sangue é bombeado de volta para o coração com mais eficiência, e como é um movimento contra a gravidade, precisa de eficientes contrações musculares para acontecer. Logo pernas fortes farão esse trabalho melhor!

Um estudo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, concluiu que bastam duas semanas de inatividade muscular para que jovens adultos, com média de 23 anos, perdessem um terço da força, se equiparando a pessoas com entre 40 e 50 anos de idade. O estudo analisou jovens e pessoas de meia idade que tiveram uma das pernas imobilizadas para efeito de comparação. Os mais jovens perderam um terço da força muscular, enquanto os idosos, por volta de um quarto. Porém, os jovens perdem duas vezes mais massa muscular, pelo fato de terem mais músculos.

A equipe também investigou o tempo em que os participantes demorariam para recuperar a força. O treino era de bicicleta, três vezes por semana, com carga leve. Esse treino não foi suficiente para recuperar a força muscular inicial, apenas a massa muscular perdida. A recuperação da potência, nesse caso, deveria ser feita com ajuda de exercício de força resistida, como a musculação.

Isso acontece porque existem duas coisas: a força, a potência muscular e a quantidade de massa muscular. E uma não está relacionada à outra. A potência, ou força muscular, é a tensão máxima que pode ser gerada por um músculo ou um grupo muscular. E não necessariamente um cara grandão, cheio de músculos aparentes, tem uma boa potência muscular. Muitas vezes, uma pessoa visualmente mais “fraca” pode ser mais forte. É como comparar um fisiculturista com um lutador de artes marciais, como Bruce Lee, por exemplo. Os músculos são formados por fibras de contração rápida e de contração lenta. Estas estruturas agem de maneiras diferentes em ações de explosão muscular e de resistência. Ou seja: tamanho não tem relação direta com força.

Existe um outro ponto fundamental sobre pernas fortes e longevidade ativa. O fato de que perdemos massa muscular, de forma espontânea, fazendo ou não atividade física, com o passar dos anos. Mas, faze-la é fundamental para evitar que essa perda ocorra de forma acelerada. À medida que uma pessoa envelhece, a precisão e a velocidade de transmissão das instruções entre o cérebro e as pernas diminuem, e isso provoca quedas, tombos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência de quedas, pelo menos uma vez ao ano, gira entre 30 e 60% na população com mais de 65 anos, e em pessoas acima de 80 anos, a prevalência é ainda maior e a mortalidade associada a quedas chega a ser seis vezes maior.

A fratura, como consequência dos traumas, já é a quinta principal causa de morte em indivíduos a partir dos 65 anos, e também é responsável por 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos. Pessoas muscularmente mais fracas têm 60% mais chance de morrer por qualquer causa quando comparadas às pessoas mais fortes.

Por isso, o importante é caminhar, movimentar bastante as pernas, mantendo-as fortes, firmes, alertas. Se você é praticante de atividade física, e fica sem fazer seu exercício físico por duas semanas, por exemplo, e ao retomar os exercícios, percebe o quão mais difícil está sendo fazer a mesma corrida ou levantar o mesmo peso de antes, significa que você perdeu força e massa magra. E a recuperação nem sempre é tão rápida. Por isso, o melhor é manter as pernas fortes e firmes, durante toda a vida.

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