A presença de diretores e conselheiros dos Conselhos Regionais de Educação Física no evento mostra a relação positiva entre o olimpismo e os Profissionais de Educação Física
Por Paulo Pinto e Helena Sbrissia / Global Sports
7 de abril de 2022 / Curitiba (PR)
Realizado nos dias 19 e 20 de março no Centro de Convenções Salvador, na capital baiana, o II Congresso Olímpico Brasileiro teve como tema Planejamento, um referencial de futuro para o esporte olímpico e reuniu as maiores autoridades esportivas, dirigentes, profissionais da área e medalhistas olímpicos. O comitê organizador fez um trabalho minucioso para viabilizar a realização do evento de forma segura, cumprindo todos os protocolos sanitários e oferecendo ao público, que esgotou os ingressos, uma experiência enriquecedora, de muita troca de conhecimento.
Mais de 30 especialistas nacionais e internacionais fizeram palestras sobre novas modalidades olímpicas, tendências e tecnologias no congresso organizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), compartilhando muita vivência esportiva e garantindo o contato do público com e atletas e treinadores que conquistaram, ao todo, 70 medalhas olímpicas.
Valorizando a relação entre o sistema CONFEF/CREFs e o COB, diversos presidentes e dirigentes de conselhos regionais foram ao encontro com o objetivo de adquirir conhecimento e alavancar a profissão, pois grande parte dos Profissionais de Educação Física (PEFs) atua no segmento olímpico.
Nelson Leme (000200-G/SP), presidente do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região/São Paulo(CREF4/SP), reiterou a importância da presença de gestores no evento para obter informações úteis para as atividades do dia a dia.
“O olimpismo e a agenda olímpica impactam de forma inimaginavelmente positiva nas atividades do sistema CONFEF/CREF porque nossas atividades influenciam a base de todas as modalidades esportivas. Portanto, é indispensável a orientação do PEF e a fiscalização de suas atividades. O Congresso Olímpico contribui com um nível muito elevado de informações e inovações, agregando qualidade a todas as esferas do esporte brasileiro. Ao nos atualizarmos com o que há de mais inovador no segmento, quem ganha é a sociedade de forma geral.”
O dirigente paulista destacou que existem hoje mais de 550 mil PEFs registrados, grande parte deles empregada nas redes de ensino pública e privada, que atuam como professores diretamente na formação de cidadãos. “É importante lembrar que nosso colegiado é gigantesco e trabalha com dezenas de milhões de jovens. Quanto mais estes profissionais estiverem inseridos no cenário olímpico, maior será a possibilidade de informarem os jovens sobre as modalidades esportivas olímpicas e fomentarem a prática esportiva.”
Assim como outros membros da mesa diretora e conselheiros do CREF4/SP, Nelson Leme exaltou o nível elevado de informações e a qualidade dos palestrantes. “Todos que subiram ao palco o fizeram para difundir muita informação valiosa para o dia a dia da nossa entidade. E nos ajudaram a compreender as necessidades dos PEFs, facilitando o planejamento das medidas de orientação e fiscalização desses profissionais.”
Participação nacional
Diretores e conselheiros do sistema CONFEF/CREFs de todo o País aprovaram esta edição do evento olímpico e fizeram comentários positivos sobre a organização e a qualidade das palestras. Para Rogério Jean Moura Gonçalves (001726-G/BA), presidente do Conselho Regional de Educação Física da 13ª Região/Bahia (CREF13/BA), a participação desse segmento no congresso do COB ratifica a importância do olimpismo para toda a categoria.
“Ficamos felizes de ver em nosso Estado a presença de membros das diretorias dos CREFs do Paraná, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Paraíba e Alagoas, além de São Paulo, representado por seu presidente, dois vices e seis diretores. Já o CREF paranaense desembarcou em Salvador com seu presidente e sete diretores. A cada ano a nossa presença dos eventos do COB é maior e isso ratifica o nosso interesse pela inovação e por novas tendência”, disse Gonçalves.
O dirigente baiano lembrou que o olimpismo é uma filosofia de vida que defende a formação de uma consciência pacifista, democrática, humanitária, cultural e ecológica por meio da prática esportiva e que o PEF é um ator importante nesse movimento. “Assim sendo, o sistema CONFEF/CREFs reverbera para sociedade, por intermédio dos seus membros, os efeitos diretos do olimpismo e da agenda olímpica.”
Depois de ressaltar que este foi o primeiro grande evento pós-pandemia realizado em Salvador, Gonçalves comentou que o relacionamento da categoria com o COB é maior a cada dia. “O Brasil sempre foi e será um celeiro de atletas, treinadores e preparadores físicos, daí a importância do estreitamento dessa relação institucional construída ao longo de mais de 20 anos.”
Gustavo Chaves Brandão (004955-G/PR), presidente do Conselho Regional de Educação Física da 9ª Região/Paraná (CREF9/PR), lamentou não ter participado da primeira edição do congresso e afirmou: “Para mim e os conselheiros do Paraná que me acompanharam foi um evento fantástico, de altíssimo nível, com palestras simultâneas para segmentos tão diversos quanto gestão, treinamento, ciência do esporte”.
Brandão defendeu, por exemplo, a criação de uma semana olímpica em cada município, com estudos, eventos e ações positivas sobre esse tema. “Eu acredito que o esporte faça parte da vida da maioria dos PEFs, que, majoritariamente, buscaram a graduação por conta do contato com o alguma modalidade esportiva. O olimpismo está totalmente envolvido no trabalho dos nossos profissionais.”
Para ele, a valorização do PEF deve vir de todas as frentes: do COB, do sistema CONFEF/CREFs, do próprio profissional e da sociedade. “Eu vejo como muito importante essa parceria entre as entidades. Imagine um evento de capacitação de profissionais em convênio entre o COB e o sistema CONFEF/CREF: seria uma união de forças muito positiva para nosso segmento e para a agenda olímpica.”
Nicole Christine de Azevedo Silva (000859-G/DF), presidente do Conselho Regional de Educação Física da 7ª Região/Distrito Federal (CREF7/DF), explicou que estar em contato direto com os profissionais e atletas olímpicos permite repensar e reavaliar o esporte no contexto político e cultural do Brasil. “Além disso”, detalhou, “as palestras possibilitam assimilação de temáticas extremamente importantes na forma como o desenvolvimento do esporte é promovido hoje e como nós esperamos que ele seja fomentado no futuro.”
Para ela, olimpismo e agenda olímpica estão diretamente relacionados com o sistema CONFEF/CREFs, pois ambos compartilham as mesmas diretrizes. “A agenda olímpica propicia um ambiente no qual o CONFEF e os CREFs podem exercer o papel de defender a sociedade e zelar pela qualidade dos serviços profissionais oferecidos na área de atividades físicas. Dessa maneira, é possível construir uma sociedade na qual a prática esportiva devidamente orientada e com a devida qualidade seja um direito de todos.”
Nicole afirmou, ainda, que entre as principais finalidades do sistema e do COB estão o aprimoramento e a atualização dos treinadores e dos PEFs. “A atividade exercida por profissionais habilitados e o cuidado com a qualidade do serviço por eles oferecido são as formas que estas instituições usam para valorizar o PEF e o cidadão a um só tempo. É necessário compreender que esses órgãos e organizações têm como objetivo o exercício seguro, solidário e igualitário das atividades desportivas. E isso não pode ocorrer de outra forma senão pela interação e pela interlocução.”
A presidente do CREF7/DF também destacou a qualidade admirável do evento. “A presença de agentes do esporte nacional profundamente qualificados conferiu a dose exata de excelência do congresso. A troca de conhecimentos entre treinadores, atletas, dirigentes e demais atores do universo desportivo permitiu que os participantes levassem todo esse conteúdo para ser aplicado no seu dia a dia, gerando uma discussão acerca do planejamento para o futuro do esporte.”
Para Lúcio Beltrão (003574-G/PE), presidente do Conselho Regional de Educação Física da 12ª Região/Pernambuco(CREF12/PE), os CREFs atuam como parceiros da sociedade, dos esportes, das federações, confederações, instituições de ensino e governos. “É imperiosa uma relação bem mais próxima entre o COB e o sistema CONFEF/CREFs. Temos muitas pautas em comum. Há muito a ser feito, mas tenho convicção de que estamos avançando.”
A presença dos dirigentes de conselhos regionais em eventos como o Congresso Olímpico, na opinião de Beltrão, é importante para a busca constante pela atualização, pelo networking e pela capacitação dos profissionais. É uma relação que impacta diretamente na profissão por diversos motivos, entre eles, na diminuição da inatividade física.
O dirigente pernambucano sugeriu mudanças efetivas que podem ser feitas na área. “É preciso cobrar a obrigatoriedade de, no mínimo, três aulas de Educação Física, por semana, por turma, em toda a educação básica e a existência de quadras cobertas em todas as escolas (públicas e privadas) do Brasil. A dedução do Imposto de Renda poderia ser utilizada para cobrir as despesas do PEF, academias, clubes, escolinhas e outros estabelecimentos que promovem saúde e previnem doenças. Poderia ser criado, também, um programa de bolsa técnico em todos os Estados e municípios.”
Beltrão classificou o evento como grandioso, muito bem organizado e com palestrantes de altíssimo nível. “A nata do esporte brasileiro esteve em Salvador. Atletas, técnicos, árbitros, dirigentes, Profissionais de Educação Física, equipes multidisciplinares de escolas, faculdades, associações, clubes, academias, federações, confederações, prefeituras, governos estaduais, ministérios, empresas (públicas e privadas), CREFs, políticos e outros atores precisam trabalhar juntos.”
Stanley Magalhães Nunes da Silva (000217-G/AL), presidente do Conselho Regional de Educação Física da 19ª Região/Alagoas (CREF19/AL), acredita que eventos como o Congresso Olímpico mostram a importância do PEF como preparador e motivador ao colocar um atleta em condições de competir. “Participar desse congresso me fez ter interesse por modelos de trabalho e gestão considerados ideais, assim como aprender com experiências de ex-atletas, atletas em atividade, técnicos e outros gestores. Essa aproximação entre o sistema CONFEF/CREFs e o COB valoriza mais o profissional e, consequentemente, a profissão.”
Além de altamente satisfatório, opinou o dirigente alagoano, o congresso ofereceu compartilhamento de experiências, informações sobre os resultados obtidos no último ciclo olímpico e noções para o planejamento para o Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Delegação paulista
O CREF4/SP esteve representado em Salvador por diversos conselheiros, como Margareth Anderáos (000076-G/SP), segunda secretária da entidade. Para ela, a participação da diretoria do conselho no evento é imprescindível sob o ponto de vista do acompanhamento do ciclo olímpico que se inicia e das novas modalidades inseridas a partir de 2024, além de proporcionar contato com profissionais renomados da área.
“Nosso objetivo sempre é alavancar cada vez mais nossa profissão, que mantém um estreito vínculo com as modalidades esportivas. A atualização constante é primordial para todos nós, que representamos grande número de Profissionais de Educação Física”, disse Margareth Anderáos, que se impressionou com a elevada qualificação dos palestras e participantes.
Humberto Panzetti (025446-G/SP), vice-presidente do CREF4/SP, considera a agenda olímpica a base do esporte estruturado, com grande orçamento e acesso a recursos públicos. Por isso, entende o congresso como ambiente ideal para discussão de assuntos atuais, como a da Lei do Profissional de Educação Física, a pós-carreira e a boa governança, entre outros. Sobre a relação do olimpismo com o sistema CONFEF/CREFs, reconhece que participam juntos no que diz respeito à avaliação dos técnicos internacionais, dos treinadores, dos profissionais e da inclusão de modalidades novas no programa olímpico.
Panzetti e a mesa diretora do CREF4/SP ressaltam que há um respeito mútuo entre o sistema CONFEF/CREFs – a coluna vertebral do olimpismo – e a entidade máxima do esporte olímpico brasileiro. “Nossos profissionais constituem quase 100% de toda a estrutura que envolve treinamentos, detecção de valores e treinadores; então, é uma parceria em que cada um dos lados oferece ao outro o que tem de melhor. Além de tudo, há uma relação de proximidade muito grande com os gestores do COB, como Rogério Sampaio e Paulo Wanderley.”
A avaliação do vice-presidente do CREF4/SP desta edição do congresso olímpico é a mais positiva possível. “O COB trouxe o know how do primeiro grande evento, feito em São Paulo em 2019. Lógico que Salvador tem uma estrutura de logística diferente, mas o COB garantiu a presença de toda a cadeia de esporte do Brasil – treinadores, atletas, patrocinadores, gestores e o sistema que os envolve.”
Waldecir Paula Lima (000686-G/SP), tesoureiro e conselheiro do CREF4/SP, considera imprescindível a participação de pelo menos um membro da representação paulista em eventos como o Congresso Olímpico, não apenas como ouvintes, mas também com fala efetiva, mais ampla. “Cada um dos membros da diretoria faz contatos importantes nessas ocasiões – desde atletas e preparadores físicos a gestores e professores, membros do COB e da área científica. E não podemos esquecer que o CREF4/SP é o maior do sistema, com um terço dos PEFs registrados no País.”
Lima fez, também, uma comparação com a edição anterior do congresso. “Havia mais gente, mas é importante centralizar esses eventos para congregar o esporte e sua gestão. Vejo com bons olhos a realização em Salvador, a estrutura era muito boa.”
Rodrigo Nuno (025699-G/SP), conselheiro do CREF4/SP, concorda quanto à importância da representação de São Paulo como a locomotiva do sistema, mostrando a força do Estado e de seus profissionais, que são formadores dos atletas que chegaram ao topo e de muitos que virão.
Ele elogiou a disposição do local e os recursos tecnológicos empregados. “Era possível escolher uma dentre as diversas apresentações para acompanhar entre várias eram realizadas ao mesmo tempo, graças ao sistema de transmissão. Os estandes, por outro lado, proporcionaram uma vivência prática aos que quiseram experimentar algum tipo de ação.”
“Quanto às palestras”, finalizou, “eu gostei do segmento de ciências do esporte, do qual participei, e de outras de cunho geral. Evidentemente, há temas que precisam ser abordados nos futuros eventos. Fiz algumas sugestões, e espero que sejam acatadas para a próxima edição do congresso.”