By Um dos maiores karatecas do mundo de todos os tempos, Brose supera má fase e não ter se classificado para Tóquio 2020, conquistando a terceira medalha de ouro no kumitê em Dubai
Por Paulo Pinto / Global Sports
22 de novembro de 2021 / Curitiba (PR)
Lenda brasileira do kumitê, aos 35 anos Douglas Brose fez história neste sábado (20), derrotando o italiano Angelo Crescenzo e conquistando o terceiro título do mundial de karatê, categoria kumitê (60kg), em Dubai nos Emirados Árabes.
Maior karateca do Brasil de todos os tempos e uma das maiores referências da modalidade, o gaúcho de Cruz Alta mostrou resiliência e uma surpreendente capacidade de superar as adversidades para subir pela terceira vez ao degrau mais alto do pódio de uma competição mundial, quando todos achavam que ele estaria prestes a aposentar seu karategi.
Membro da comissão de atletas da World Karate Federation (WKF), na final Douglas competiu com um dedo da mão quebrado, e mesmo assim venceu o italiano Angelo Crescenzo, atual campeão mundial, pelo placar de 3 a 0 e foi um dos principais destaques do quinto dia da competição realizada em Dubai.
“Estou muito feliz por ser campeão mundial pela terceira vez”, disse Brose após conquistar o título. “Tentei aproveitar o máximo que pude a experiência acumulada em todos estes anos. Desde que cheguei aqui, só pensei em valorizar esta oportunidade, desde o aquecimento até o final das lutas, e felizmente deu certo”, contou o tricampeão mundial.
Para chegar ao título, Douglas teve uma longa e dura caminhada. No primeiro confronto da fase classificatória venceu o esloveno Niklas Tamse por 4 a 2. Depois passou por Abdullah Shaaban, do Kuwait, por 2 a 1. Nas oitavas de final superou o sul-coreano Gu Ju Yeong por 2 a 0. Nas quartas de final, o brasileiro superou o cazaque Kaisar Alpysbay por 3 a 0, e na semifinal venceu o marroquino Ali Jina Abdel por 3 a 1.
“Viver essa sensação novamente aos 35 anos é algo inexplicável. Este ano foi muito difícil, enfrentei várias lesões que dificultaram minha ida a Tóquio, mas sempre trabalhei para voltar ao meu melhor nível. Treinei muito para chegar a esse momento novamente. Só posso agradecer a torcida de todos. Recebi muitas mensagens de apoio e incentivo. Esse foi um grande combustível para que eu alcançasse esse objetivo”, disse o karateca.
Dando a volta por cima
O tricampeão mundial lembrou que depois da lesão, muita gente disse a ele que deveria se aposentar, que o karatê competitivo acabou para ele. “Sofri muito desde então e tive de trabalhar muito. Foi um período muito difícil para mim, vivi cinco anos muito difíceis”, disse.
Brose provou que todos os críticos estavam errados e demonstrou ser forjado com um material diferente. Não só se recuperou da lesão, mas foi ganhar quatro medalhas em competições internacionais, incluindo dois títulos continentais. Terceiro sargento do Exército brasileiro, Douglas também demonstrou uma habilidade incomum de superar decepções.
Dizendo adeus ao sonho olímpico
O tricampeão mundial brasileiro quase se classificou para os Jogos Olímpicos, o grande sonho de sua vida. Como não conseguiu chegar às Olimpíadas na sua categoria, na qual o companheiro de equipe Vinícius Figueira estava em melhor posição para se classificar, Brose decidiu subir de peso, de -60kg para -75kg.
“Queria agradecer publicamente à minha esposa e técnica, Lucélia Brose, que foi fundamental nesse período de superação, a meus familiares e amigos, pelo apoio de sempre, aos meus companheiros de treinamento, além de todos os meus patrocinadores e incentivadores. Sem eles, o caminho teria sido muito mais difícil”, finalizou.
Essa foi a quinta medalha de Douglas em competições mundiais. O atleta conquistou o primeiro ouro em Belgrado, na Sérvia (2010). A medalha de prata foi obtida em Paris, na França (2012). O segundo ouro de Brose foi conquistado em Bremen, na Alemanha (2014). O outro pódio foi o bronze conquistado em Tóquio, no Japão (2008). Com o ouro de Dubai, Brose se consolida como um dos maiores nomes do karatê mundial.
