Novo golpe do COI aprofunda a crise e deixa a World Boxing em ruínas

Novo golpe do COI aprofunda a crise e deixa a World Boxing em ruínas

Exclusão de atletas francesas reacende a polêmica sobre testes de gênero e expõe a fragilidade da entidade recém-criada para comandar o boxe mundial.

Por Gustavo Muñana / Inside the Games
Curitiba, 8 de setembro de 2025

O boxe mergulhou em mais uma crise, desta vez envolvendo questões de gênero, após cinco atletas francesas serem impedidas de participar do Campeonato Mundial da World Boxing.

Apenas 630 quilômetros separam Paris de Liverpool, mas as consequências da polêmica vivida nos Jogos Olímpicos de 2024 continuam a assombrar a modalidade. Um ano depois, as discussões sobre a participação de mulheres em competições voltam a dividir o esporte e a fragilizar a nova entidade reguladora.

Exclusão polêmica

A abertura do Mundial foi marcada pela exclusão das boxeadoras francesas Romane Moulai (-48kg), Wassila Lkhadiri (-51kg), Melissa Bounoua (-54kg), Sthélyne Grosy (-57kg) e Maëlys Richol (-65kg). Todas foram barradas por não apresentarem os resultados dos testes genéticos obrigatórios exigidos pela World Boxing.

A exclusão de boxeadoras francesas reacendeu a polêmica sobre testes de gênero e expôs a fragilidade da World Boxing © IBA

A decisão provocou indignação da Federação Francesa de Boxe (FFB), cujo presidente, Dominique Nato, acusou o presidente da World Boxing, Boris van der Vorst, de “traição”. Nato relatou que a entidade havia seguido todas as orientações da organização, incluindo a realização dos exames em um laboratório em Leeds indicado pela própria World Boxing.

“Após um ano de trabalho, fomos impedidas de competir não por motivos esportivos, mas por má gestão. É frustrante, injusto e decepcionante.”

“A World Boxing nos garantiu que, ao realizar os testes na segunda-feira, teríamos os resultados em 24 horas. Mas, quando chegamos à quarta-feira, fomos informados de que as atletas estavam excluídas. Tomei isso como uma traição”, declarou Nato ao jornal L’Équipe.

Segundo a FFB, as boxeadoras ficaram abaladas com a exclusão. “Após um ano de trabalho, fomos impedidas de competir não por motivos esportivos, mas por má gestão. É frustrante, injusto e decepcionante”, desabafou Maëlys Richol.

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Além da França, delegações da Nigéria, Fiji, Filipinas e República Dominicana também tiveram atletas barrados pelas mesmas razões.

Reação política e institucional

A ministra francesa do Esporte, Marie Barsacq, classificou o episódio como “inaceitável” e reforçou apoio às atletas. A FFB, por sua vez, negou qualquer negligência e responsabilizou a World Boxing:

“Essa falha, que está causando danos significativos aos nossos atletas, não é de forma alguma atribuível à Federação Francesa. Pelo contrário, nos mobilizamos desde o início para atender às exigências e confiamos nas garantias dadas pela World Boxing.”

A entidade internacional, no entanto, transferiu a responsabilidade para as federações nacionais. Em nota, declarou que cada federação tem “acesso direto aos atletas e melhores condições para gerenciar o processo de testes”.

O fantasma do COI

A crise atual remete ao episódio vivido nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou a participação das boxeadoras Imane Khelif e Lin Yu-Ting, previamente barradas pela antiga Associação Internacional de Boxe (AIB) em 2023 por falhas em testes de elegibilidade.

Na ocasião, o porta-voz do COI, Mark Adams, defendeu a decisão. “Todas as competidoras nos Jogos Olímpicos seguem e respeitam as regras de elegibilidade.”

Ambas conquistaram medalhas de ouro em Paris, reforçando o apoio do COI à participação delas na categoria feminina.

Agora, a exclusão das francesas em Liverpool reacende a discussão, expõe contradições entre as decisões do COI e da World Boxing, e lança dúvidas sobre o futuro da entidade que busca se legitimar como reguladora do boxe mundial.

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