Fascínio pela bola faz time de meninas disputar a Copa Furacão Masculina

Fascínio pela bola faz time de meninas disputar a Copa Furacão Masculina

A paixão pelo futebol levou um grupo de meninas a desafiar barreiras e disputar a principal competição masculina das escolas Furacão, conquistando respeito com talento, coragem e apoio da família.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 22 de maio de 2025

A publicação de um vídeo nas redes sociais despertou a curiosidade da equipe da Agenda Olímpica, que foi em busca de maiores informações sobre o trabalho realizado no futebol feminino da Escola de Futebol Furacão Rodovia da Uva, em Colombo, região metropolitana de Curitiba.

A Copa Furacão é o maior campeonato das escolas do Club Athletico Paranaense e é organizada pelo próprio clube, com a final disputada no Estádio Mário Celso Petraglia, também conhecido como Arena da Baixada.

A meio-campista e capitã Helena Maciozek comanda o time com visão de jogo e liderança © Gabriely Matos / @gabsimagens

Em entrevista ao professor Vitor Matheus da Silva Dias, profissional de Educação Física (CREF 037673-G/PR) e treinador da equipe, confirmamos aquilo que nos levou a Colombo: as meninas estão, sim, disputando o campeonato masculino Sub 13 da Copa Furacão.

“Sim, somos a única equipe feminina disputando a Copa Furacão Masculina 2025 e já faz tempo que elas jogam contra os meninos. Já possuem uma certa experiência e se saem muito bem”, explicou o treinador.

A atacante Ana Beatriz Pavin leva velocidade e atitude ao time © Gabriely Matos / @gabsimagens

Quanto à força física, Dias foi direto: “Os meninos se comportam bem, mas somente no início. Basta acontecer uma caneta ou uma bicicleta para eles esquecerem que estão jogando com meninas. A gente entende perfeitamente, porque algumas delas jogam muita bola para a idade que têm, e aí eles partem pra cima.”

O treinador destacou que, embora o time tenha experiência em jogos contra meninos, esta edição da Copa ainda está no início, o que não permite uma avaliação precisa na tabela.

“Na verdade, somos uma escola de futebol que prioriza o desenvolvimento técnico individual e coletivo das alunas, e não o rendimento. Em competições femininas, essa equipe é campeã ou vice. Jogar no naipe masculino serve para dar a elas mais experiência e crescimento técnico. A maioria tem 11 anos e está na fase inicial da puberdade, com crescimento acelerado, desenvolvimento muscular e ósseo, mudanças hormonais e alta capacidade de aprendizagem motora.”

Apoio familiar

A escola de Colombo conta com mais de 40 meninas, todas movidas pelo sonho de se tornarem jogadoras de futebol profissional, e com o apoio incondicional das famílias.

O dirigente Darison Fari com a equipe Sub 13 após participação em competição no litoral paranaense © Gabriely Matos / @gabsimagens

“Os pais apoiam bastante. Estão sempre presentes nos treinos e jogos, e aceitam com naturalidade que elas disputem campeonatos masculinos. Na verdade, elas são fascinadas pela bola e os pais não podem impedi-las de fazer o que amam. A alegria delas em campo é contagiante”, completou o treinador.

Experiência única

Em depoimento emocionado, Eduarda Tavares, a Duda, sintetizou o espírito do time. “Está sendo uma experiência incrível. A gente é o único time feminino na competição, e isso mostra a força do futebol feminino no Brasil. Estamos abrindo caminho para outras meninas e futuras gerações.”

O treinador Vitor Dias ao lado da atacante Ana Beatriz Pavin © Gabriely Matos / @gabsimagens

Ana Beatriz Pavin também valorizou o pioneirismo da equipe, mas fez um alerta. “A gente está dando exemplo e incentivando outras escolas a formarem times femininos. Ainda existem meninas que têm vergonha de jogar por causa do preconceito. Isso precisa mudar, disse a atacante.”

A meio-campista Helena Maciozek, eleita craque da partida contra a escola Furacão do Campo Raso, foi contundente: “Tem gente que acha que não podemos jogar com meninos porque somos mais fracas. Mas isso não tem nada a ver. Além da força, o futebol envolve técnica, garra e habilidade. E a gente está provando em campo que futebol não tem gênero, expôs a capitã.”

Pioneirismo com resultados

Para Darison Fari, diretor-executivo da Escola Furacão Estrada da Uva, o protagonismo das meninas é resultado de escuta, coragem, dedicação e competência.

Equipe feminina Sub 13 ao lado de atletas do masculino da mesma categoria © Gabriely Matos / @gabsimagens

“Hoje temos também uma equipe praticamente completa na categoria Sub 11, com apenas um atleta masculino. Nosso trabalho é atender crianças que querem jogar bola. Se elas têm vontade, nós damos condições. Aqui não se trata de gênero, mas de talento, respeito, entrega e trabalho sério. E elas têm mostrado tudo isso com muita propriedade. Merecem — e conquistaram — o direito de estar em campo.”

Olhar para o futuro

“O futuro do futebol feminino é promissor e vem se construindo nas últimas décadas, com meninas como as nossas que desafiam limites e mostram que lugar de mulher também é no campo”, disse o professor Vitor Matheus Dias que concluiu agradecendo o apoio recebido.

“Agradeço imensamente à direção do Club Athletico Paranaense pela sensibilidade e grandeza em permitir essa participação especial, reconhecendo o valor e o sonho dessas meninas. Elas não estão apenas jogando futebol, estão inspirando uma geração. E meu agradecimento especial ao nosso diretor Darison Fari, que ouviu o pedido das atletas, acreditou na proposta e deu todo o suporte para que esse projeto se tornasse realidade. Isso é educação pelo esporte em sua forma mais bonita, sincera e verdadeira.”

Furacão Rodovia da Uva Sub 13

1 – Tailini
3 – Mikaelly
4 – Isabelly
5 – Maryeva
7 – Duda Tavares
9 – Alícia
10 – Helena Maciozek
11 – Ana Beatriz

Comissão Técnica

Treinador: Vitor Matheus Dias
Treinadora: Jhe Rosa da Silva
Diretor: Darison Fari

https://www.sicoob.com.br/web/sicoobcentralscrs

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